Dezenas de cientistas publicaram uma carta aberta a mostrarem a sua preocupação em relação ao estudo publicado na revista “The Lancet” sobre a hidroxicloroquina, que levaram à suspensão do medicamento.
O estudo em causa baseia-se em dados de cerca de 96.000 pacientes hospitalizados entre dezembro e abril, em 671 hospitais, e compara a condição daqueles que receberam tratamento com os pacientes que não receberam, concluindo que a hidroxicloroquina não parece ser benéfica para pacientes com covid-19 e sim prejudicial.
Os autores do estudo dizem “não ter conseguido confirmar o benefício da hidroxicloroquina ou da cloroquina” nos doentes analisados, apontando um acréscimo de efeitos adversos potencialmente graves, incluindo “um aumento da mortalidade”, durante a hospitalização de doentes com covid-19.
Para os cientistas, que leram e “examinaram detalhadamente a publicação em questão”, o estudo referido mostra ausência de “revisão ética”.
“Este exame detalhado levantou questões de metodologia e de integridade dos dados”, indicam os cientistas citados pela Agência France Presse.
Na mesma carta divulgada, os investigadores pedem que a Organização Mundial da Saúde (OMS), ou outra instituição “independente e respeitada”, crie um grupo de trabalho para fazer uma análise independente aos resultados do estudo.
A publicação do estudo na “The Lancet” levou a OMS a “suspender” temporariamente, por precaução, a inclusão de novos pacientes em ensaios clínicos com hidroxicloroquina realizados com seus parceiros em vários países.
Em consequência, a França decidiu proibir a molécula no tratamento da covid-19.
Também em Portugal, após a posição da OMS, o Infarmed e da Direção-Geral da Saúde decidiram suspender o uso da hidroxicloroquina em doentes com covid-19. (Consulte a noticia sobre o assunto aqui)