O desenvolvimento de uma vacina portuguesa contra a covid-19 custaria cerca de 45 milhões de euros, sendo necessário investir mais 100 milhões numa infraestrutura para passar à fase de produção, estimou a investigadora Teresa Summavielle.
“Precisaríamos de cerca de 45 milhões de euros para termos uma vacina que passasse os ensaios clínicos e fosse aprovada. Para uma fase de produção em massa, precisamos de infraestruturas dedicadas”, adiantou a bioquímica do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde – i3s, num debate promovido pelos eurodeputados do Bloco de Esquerda.
A fase inicial de desenvolvimento do fármaco contra o SARS-CoV-2 está estimada num montante entre os 500 mil euros e um milhão de euros, avançou a cientista, ao assegurar que Portugal tem “absoluta capacidade de desenvolver” este trabalho de investigação.
Ultrapassada esta fase inicial, a transição para os ensaios pré-clínicos representaria um investimento que variaria entre os três e os cinco milhões, enquanto os ensaios clínicos efetivos rondariam entre os 30 e os 40 milhões de euros, disse Teresa Summavielle.
“Aqui entramos num problema que é português, mas que é também de muitos outros países da Europa do Sul e não só. Nós não temos a capacidade de passar a essa produção”, referiu a investigadora.
De acordo com Teresa Summavielle, o valor de investimento para que Portugal tivesse uma infraestrutura capaz de produzir 50 milhões de doses da vacina por ano está estimado em cerca de 100 milhões de euros, sendo necessários dois anos para que ficasse operacional.
“Este não é um problema que se extingue com a covid-19”, referiu Teresa Summavielle, ao defender que um investimento desta natureza dotaria o país da capacidade de resposta necessária para situações futuras.
“É um valor que não está de todo fora da nossa capacidade de investimento e deveríamos estar seriamente a considerar fazer este tipo de investimento”, alertou a investigadora.
Com este investimento, Portugal passaria a dispor de “capacidade para produzir estas vacinas que nos dariam uma resposta mais eficaz do que as grandes empresas farmacêuticas e com as quais poderíamos chegar a bom porto de uma forma muito mais inteligente”, preconizou.