A diretora-geral da Saúde apelou para a tranquilidade das pessoas que receberam a vacina da AstraZeneca e garantiu que não foram reportadas em Portugal reações adversas como as identificadas em outros países.
“Se foi vacinado, mantenha-se tranquilo. Estas reações são extremamente raras e, no nosso país, não foram reportados fenómenos semelhantes aos encontrados nos outros países”, afirmou Graça Freitas, numa conferência de imprensa conjunta com a Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed) e com a `task force´ do plano de vacinação.
Segundo a responsável da Direção-Geral da Saúde (DGS), “apesar de as reações adversas mencionadas serem extremamente graves, também são extremamente raras”, não estando identificado o nexo de casualidade entre esta vacina e as situações de coágulos sanguíneos registados em outros países.
“Apesar de não estar identificado o nexo de causalidade entre a vacina e estas reações, pelo princípio da precaução foi decidido fazer uma pausa na vacinação com a vacina da AstraZeneca”, disse.
Dirigindo-se às pessoas que já receberam a vacina da AstraZeneca em Portugal, Graça Freitas apelou ainda para que se mantenham atentas a sintomas de mau estar durante alguns dias.
“Sobretudo, se este mau estar for acompanhado de nódoas negras ou hemorragias cutâneas, não hesite e consulte um médico”, salientou Graça Freitas, ao assegurar que o Ministério da Saúde e o Infarmed “mantêm toda a confiança na vacinação contra a covid-19” e apelam a todos para que continuem a vacinar-se de acordo com o calendário previsto.
Segundo Graça Freitas, as vacinas desta farmacêutica que Portugal já recebeu estão “armazenadas em condições e não são desperdiçadas”, ficando a aguardar que a Agência Europeia do Medicamento (EMA) informe se pode ser administrada “com o perfil de segurança”, comparando os seus benefícios com os seus riscos.
“Por agora, e como medida de precaução, a vacina ficará guardada, bem acondicionada e, eventualmente, será libertada para administração se e quando a EMA e o nosso Infarmed o decidirem”, referiu.
Já foram administradas em Portugal cerca de 400 mil vacinas da AstraZeneca e vão ficar agora em armazém cerca de 200 mil doses.
A interrupção temporária da vacina da AstraZeneca é “para dar segurança às pessoas”, assegurou a diretora-geral da Saúde, ao apelar para que os portugueses “mantenham a confiança nas instituições”.
“Esta suspensão da vacina só está a ocorrer por um mecanismo de extrema segurança, por um mecanismo de precaução, porque foi possível detetar reações adversas através dos sistemas de farmacovigilância que estão montados em todos os países”, sublinhou.
Questionada sobre a administração da segunda dose da vacina a quem já recebeu a primeira nos últimos dias, Graça Freitas garantiu que não há “pessoas nestas condições neste momento” e adiantou que esta vacina “tem muitas semanas de intervalo” entre doses.
“Neste momento não estão pessoas em Portugal em condições de lhes ser administrada a segunda dose”, avançou.
Além da AstraZeneca, Portugal está a administrar atualmente outras duas vacinas das farmacêuticas Moderna e Pfizer, devendo receber, no próximo mês, as primeiras doses da vacina de toma única da Janssen, do grupo Johnson & Johnson.
O ministério da Saúde anunciou que Portugal vai comprar mais de 22 milhões de doses de vacinas contra a covid-19, no âmbito dos acordos entre seis farmacêuticas e a União Europeia, o que representa um investimento de cerca de 200 milhões de euros.