O Centro Europeu para Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) não recomenda a utilização generalizada de máscara no exterior para combater a covid-19, defendendo a sua utilização quando não é possível garantir distanciamento.
De acordo com Bruno Ciancio, diretor do departamento de Vigilância do ECDC “usar máscara faz todo o sentido se se está numa situação em que não é possível evitar o contacto próximo com outras pessoas”, mas não em todas as situações no exterior, indicou em entrevista à agência Lusa.
“Se eu sair para um passeio, não tenho de usar máscara porque o vírus não está no ar, mas se eu participar num encontro no exterior em que estão 20 a 50 pessoas e estamos a menos de um metro uns dos outros, então devemos usar máscara no exterior porque a transmissão pode ocorrer no exterior [nesses casos], embora seja menos provável”, justifica Bruno Ciancio.
Em Portugal, o diploma sobre a obrigatoriedade do uso de máscaras em espaços públicos, refere que a medida terá a duração de 70 dias e abrange pessoas a partir dos 10 anos para “acesso, circulação ou permanência nos espaços e vias públicas sempre que o distanciamento físico recomendado pelas autoridades de saúde se mostre impraticável”. O diploma prevê que o não cumprimento desta imposição seja punido com multas que vão até aos 500 euros.
Sobre a imposição portuguesa, Bruno Ciancio aponta que a obrigatoriedade de usar máscara no interior e exterior “depende do contexto”, já que, em alguns locais, “é melhor ser mais específico do que implementar medidas gerais, para que as pessoas cumpram”.
Para o diretor do departamento de Vigilância do ECDC, os decisores políticos terão de “facilitar a adesão” da população às medidas de contenção, mas é, por sua vez, “responsabilidade de todos respeitar as medidas”.
Quanto a este tipo de medidas, Bruno Ciancio perspetiva que o uso de máscara, o distanciamento físico e as regras de higiene fiquem em vigor “por algum tempo”, até porque “mesmo que oiçamos que haverá uma vacina em breve, o primeiro público-alvo será o dos indivíduos que têm riscos mais elevados de infeção e também trabalhadores da área da saúde, o que na melhor das hipóteses irá abranger 2% a 3% da população”.
Ainda assim, o especialista mostra-se “otimista” sobre uma potencial vacina eficaz e segura, embora admita ser “difícil fazer uma previsão” sobre prazos.