Covid-19: estudos sobre Remdesivir são contraditórios 800

De acordo com um estudo realizado com apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS), denominado por SOLIDARITY, o antiviral remdesivir, considerado um dos tratamentos mais promissores para a covid-19, é ineficaz na prevenção da morte de pacientes.

O medicamento “parece ter pouco ou nenhum efeito nos pacientes internados por covid-19, se formos acreditar nas taxas de mortalidade, no início da ventilação ou no tempo de internamento”, refere a agência de notícias France Presse (AFP), citando o estudo.

O estudo, que envolveu mais de 11 mil pessoas em 30 países, contradiz os dois últimos grandes estudos americanos que mostraram que o remdesivir poderia reduzir o tempo de internamento hospitalar.

Os dados vão agora ser revistos por outros médicos antes da sua eventual publicação numa revista científica.

Entretanto, tendo em conta esta informação divulgada, a Gilead Sciences emitiu uma nota de esclarecimento sobre o medicamento Veklury (remdesivir), onde começa por condenar a divulgação dos resultados iniciais “antes de serem divulgados numa publicação revista por pares”.

Quanto ao estudo, a Gilead Sciences indica que “os dados apresentados parecem inconsistentes com a evidência mais robusta proveniente de vários estudos aleatorizados e controlados, divulgados em publicações revistas por pares, que validam o benefício clínico do Veklury (remdesivir)”.
A empresa está preocupada com o facto de que os dados obtidos “não tenham sido submetidos à necessária revisão rigorosa para permitir uma discussão científica construtiva, em especial dadas as limitações na conceção do estudo”.

Quanto ao medicamento em causa, a Gilead Sciences defende que “os benefícios do Veklury foram estabelecidos em três ensaios clínicos aleatorizados e controlados, incluindo o ensaio clínico aleatorizado, duplamente-cego e controlado por placebo (ACTT-1) – o padrão de excelência para avaliar a eficácia e segurança dos medicamentos em investigação. Os resultados do ensaio ACTT-1 do National Institute for Allergy and Infectious Diseases (NIAID), conduzido nos Estados Unidos e na Europa, revelaram que o tratamento com Veklury resultou em melhorias clinicamente significativas através da avaliação de múltiplos parâmetros em doentes hospitalizados com COVID-19. Estes dados foram revistos e publicados no New England Journal of Medicine e apoiaram a inclusão de Veklury em normas de orientação clínica de diversas entidades”.

Tendo em conta estes resultados, foram dadas “aprovações regulamentares, ou autorizações provisórias, para tratar a covid-19 em cerca de 50 países em todo o mundo”.

A Gilead Sciences termina por indicar, no seu comunicado, que a própria OMS pré-qualificou “o remdesivir, o que assegura a entidades como as Nações Unidas, que Veklury cumpriu padrões globais de qualidade, segurança e eficácia”.