Um grupo de investigadores portugueses está a estudar uma potencial vacina oral contra o coronavírus SARS-CoV-2, responsável pela covid-19.
O projeto resulta de uma parceria entre o Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC) e o Instituto de Tecnologia Química e Biológica António Xavier (ITQB) da Universidade Nova de Lisboa.
Os resultados da primeira fase do estudo revelam que esta potencial vacina é capaz de criar anticorpos no sistema imunitário dos ratinhos.
Se a sua eficácia se comprovar, esta será uma vacina contra o SARS-CoV-2 muito diferente daquelas que estão atualmente disponíveis, já que se trata de uma vacina oral que usa bactérias para induzir anticorpos.
“No fundo, o que é a vacina? É uma bactéria recombinante, ou seja, geneticamente alterada, para expressar à sua superfície um pedacinho da proteína da espícula do coronavírus”, a proteína Spike, explicou à agência Lusa uma das investigadoras responsáveis, Isabel Gordo.
Essa bactéria é introduzida por via oral como probiótico, “como se fosse um iogurte”, e é quando chega ao intestino que o seu trabalho começa: “Dentro do intestino, o sistema imunitário vê o que a bactéria está a mostrar, esse pedacinho da espícula do coronavírus, e produz anticorpos”, explica a investigadora do IGC.
“Foi esse o passo de demonstração de que o princípio está a funcionar. O que temos de saber a seguir é se, depois de darmos o tal iogurte aos ratinhos, quando os infetarmos não ficam doentes”, acrescentou Isabel Gordo.
Neste momento, a potencial vacina está a ser testada apenas em ratinhos, contudo os animais foram geneticamente modificados para terem o recetor do SARS-CoV-2 humano, para que quando infetados apresentem os mesmos sintomas que os humanos.
A investigadora avança que se esta vacina funcionar será “completamente diferente”, mais fácil de produzir, distribuir e administrar, além da facilidade em modificar a estrutura da proteína introduzida, “uma vantagem quando temos mutações do vírus a emergir e é preciso ajustar as vacinas”.