A ministra da Saúde, Marta Temido, reconheceu esta terça-feira, dia 27, que as entregas das farmacêuticas e os limites de idade para administração em duas das quatro vacinas disponíveis (AstraZeneca e Janssen) “podem condicionar o plano de vacinação contra a covid-19.
“Há dois temas que condicionam o plano: as entregas – em que temos tido contratempos e algumas situações complexas que deram origem a medidas mais musculadas da Comissão Europeia, e a situação de algumas vacinas que, no seguimento da vigilância farmacológica, foram consideradas possivelmente associadas a fenómenos adversos extremamente raros”, explicou a governante.
Em declarações prestadas após a reunião no Infarmed, que juntou especialistas, membros do Governo e o Presidente da República para a análise da situação epidemiológica do país, Marta Temido reiterou o “respeito escrupuloso pela decisão técnica”, sem deixar de lembrar que “essas duas circunstâncias podem condicionar o plano de vacinação”.
Durante a sua apresentação, o coordenador da ‘task force’ responsável pelo processo de vacinação, o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, revelou que as condicionantes relacionadas com idade poderão limitar a administração de meio milhão de vacinas neste segundo trimestre e cerca de 2,7 milhões no terceiro trimestre, atrasando dessa forma o cumprimento da meta dos 70% de proteção da população para o final do verão.
Contudo, a ministra da Saúde preferiu realçar o cumprimento de objetivos mais imediatos, nomeadamente a vacinação de todas as pessoas com “mais de 60 anos na terceira semana”, e o “contrapeso” proporcionado pela entrega antecipada de vacinas anteriormente contratadas à Pfizer/BioNTech anunciado recentemente pela Comissão Europeia.
Marta Temido assinalou que “se mantém uma situação em que o país está a controlar a pandemia”, apesar de ter reiterado a necessidade de “continuar a compensar o aumento dos contactos e da transmissibilidade, porventura também pelas novas variantes, mantendo as regras básicas” de vigilância epidemiológica.
A evolução da covid-19 no país foi também enaltecida ao nível da letalidade da doença, com a ministra a notar “uma letalidade que é metade da que foi registada o ano passado e um quinto da que era registada há um ano”.
Em Portugal, morreram 16.965 pessoas dos 834.638 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.