A Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou que vão ser retomados os ensaios clínicos com hidroxicloroquina para doentes com covid-19, suspensos há mais de uma semana.
O anúncio foi feito pelo diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, durante a conferencia de Imprensa de acompanhamento da pandemia de covid-19.
De acordo com Tedros Ghebreyesus, o painel que analisa a segurança de medicamentos concluiu que “não há razão para alterar o protocolo dos ensaios clínicos solidários e recomendou que continuem em todas as vertentes”.
Sendo assim, vai ser dada autorização aos investigadores responsáveis pelos ensaios clínicos para retomarem o uso de hidroxicloroquina no ensaios que envolvem mais de 3.500 pacientes voluntários, em mais de 35 países.
Tedros Ghebreyesus adiantou ainda que a OMS vai continuar a “controlar a segurança” do uso do medicamento em doentes com covid-19, bem com de outros usados nos ensaios clínicos.
Depois de no dia 25 de maio, o Comité Executivo ter decidido suspender o uso de hidroxicloroquina após um estudo da revista científica “The Lancet” ter constatado mortalidade acrescida em doentes tratados com aquele medicamento, a cientista-chefe da OMS, Soumya Swaminathan, vem agora indicar que “neste momento, não há provas de que qualquer medicamento reduza a mortalidade em pacientes com covid-19” e por isso “é uma prioridade urgente continuar os ensaios clínicos randomizados para obter essas provas tão rapidamente quanto possível”.
“A Organização Mundial de Saúde encoraja testes randomizados com diferentes medicamentos que possam reduzir a mortalidade e a gravidade da covid-19”, sublinhou.
Soumya Swaminathan acrescentou ainda que estudos baseados apenas na observação de pacientes, como o da “The Lancet”, “têm limitações” e podem ser influenciados por outros fatores, como as condições em que os doentes são mantidos, para além dos medicamentos que são utilizados.
Entretanto a revista cientifica “The Lancet” já se distanciou do estudo que publicou sobre a hidroxicloroquina, reconhecendo num aviso formal que “questões importantes” pairavam sobre este trabalho, que está a ser alvo de uma auditoria lançada pelos autores.