A cadeia de aprovisionamento para a produção das vacinas contra o novo coronavirus está a confrontar-se com várias penúrias relativas a ingredientes, vidro para fazer frascos, plástico ou tampas, alertaram na terça-feira, dia 9, os principais intervenientes nestas operações.
Os parceiros do sistema Covax – Organização Mundial de Saúde (OMS), a Aliança para as Vacinas (Gavi) e o seu ramo para a investigação (Cepi) –, a Federação Internacional da Indústria Farmacêutica (IFPMA), fabricantes dos países em desenvolvimento, peritos e representantes governamentais reuniram-se de forma virtual para discutir os desafios causados pela produção em grande escala das vacinas.
A indústria farmacêutica tenciona produzir 10 mil milhões de doses de vacinas este ano, o que é o dobro da capacidade de produção em 2019, todas as vacinas consideradas.
“É o maior aumento de produção que o mundo alguma vez conheceu”, declarou o diretor-geral da IFPMA, Thomas Cueni, depois da reunião. “Não é surpreendente que existam problemas”, acrescentou.
A pandemia do novo coronavirus já provocou mais de 2,6 milhões de mortos no mundo, desde o final de 2019, suscitando uma procura inédita por vacina.
Para fabricar as doses, são necessários não só ingredientes em quantidades sem precedente, mas também vidro para os frascos, plástico e tampas, quando as cadeias de abastecimento mundializadas estão desestabilizadas pela pandemia.
Por seu lado, o diretor do Cepi, Richard Hatchet, afirmou: “Vimos nas últimas semanas e últimos meses um aumento as tensões a nível das cadeias de aprovisionamento”.
Acrescentou também que “as empresas começam a assinalar penúrias pontuais de materiais essenciais, matérias-primas (…) e até de equipamentos necessários à produção das vacinas”.
Inquietou-se ainda por alguns países quererem “impor controlos sobre as exportações (…), como os EUA”.
Em comunicado, os participantes na reunião apelaram à livre circulação dos bens e da mão-de-obra.
Encorajaram igualmente as transferências de tecnologia e parcerias de produção entre os laboratórios e os fabricantes de vacinas, como a AstraZeneca fez com o Serum Institute, da Índia.
Contudo, não foi feita qualquer menção à proposta da Índia e África do Sul de um levantamento temporário das patentes submetida á Organização Mundial do Comércio, que foi criticada pelos laboratórios.