Segundo um artigo da revista médica The BMJ (British Medical Journal), publicado conjuntamente com o jornal alemão Die Welt e a Fundação kENUP, uma consultora contratada pelo laboratório, a BioNTech, parceiro da Pfizer no desenvolvimento da primeira vacina contra a covid-19, estará a opor-se à produção de uma vacina por empresas farmacêuticas de África.
O artigo alega ainda que o centro de transferência de tecnologia da Organização Mundial de Saúde (OMS), sediado na África do Sul e que está a tentar criar uma vacina contra o SARS-CoV-2 através da tecnologia mRNA para ser fabricada por empresas africanas, tem poucas probabilidades de sucesso e vai infringir as patentes.
O Medicines Patent Pool, responsável pela propriedade intelectual e elementos de licenciamento do centro, disse que estas alegações não são verdadeiras.
Já a advogada e defensora de saúde pública Ellen’t Hoen argumentou que a BioNTech deveria ser considerada responsável pelas ações da consultora.
Esta oposição da kENUP pode colocar em risco a iniciativa de África apoiada pela OMS com vista ao aumento da produção africana de vacinas que salvam vidas de 1% para 60% até 2040.
Tanto a kENUP, como a BioNTech referem que os seus planos para estabelecer o fabrico de vacinas de tecnologia mRNA no continente africano “serão feitos em estreito alinhamento com a OMS, a União Africana e o CDC africano”.
A publicação indica que estes planos incluem ainda o envio de pessoal da BioNtech, com o licenciamento das fábricas a estar a cargo da Agência Europeia de Medicamentos (EMA) em vez dos reguladores locais.
Lembrar que o laboratório instalado na África do Sul foi inspecionado pela OMS, que reconheceu a sua capacidade para efetuar os testes considerados necessários.