A região europeia da Organização Mundial da Saúde (OMS) registou mais 7.000 mortes do que expectável por tuberculose entre 2020 e 2022, em resultado da deterioração dos esforços de diagnóstico e tratamento durante a pandemia de covid-19.
De acordo com o relatório de vigilância e monitorização da tuberculose do Gabinete Regional da OMS para a Europa e do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC, na sigla em inglês) divulgado esta quinta-feira, a quatro dias do Dia Mundial da Tuberculose, o aumento da mortalidade foi um resultado direto da pandemia e de uma interrupção dos esforços de diagnóstico e tratamento da doença.
Por outro lado, em 2022, registaram-se mais casos de tuberculose na região europeia da OMS – que abrange 53 países, incluindo os 27 estados-membros da União Europeia – com mais de 170 mil notificações reportadas pelos países nesse ano, face aos 166 mil do ano anterior.
A OMS e o ECDC referem, em comunicado, que este aumento pode ser um indicador positivo de que, em muitos países, os serviços já estão a recuperar dos efeitos da pandemia e que mais pessoas estão a ser diagnosticadas e tratadas.
O relatório aponta ainda outra tendência que preocupa os especialistas, por indicar que a prevalência da tuberculose resistente aos medicamentes continua a aumentar.
Os dados do relatório revelam que apenas sete em cada 10 tratamentos com recurso a fármacos de primeira linha tiveram sucesso, a taxa mais baixa registada na última década e, possivelmente, um sinal de lacunas na monitorização dos resultados do tratamento e de problemas com a adesão dos doentes ao tratamento.
“Se planeado e cumprido de forma adequada, o tratamento da tuberculose deve ter sucesso em, sensivelmente, nove em cada 10 pacientes”, refere o relatório.
Entre os doentes infetados com tuberculose e o vírus da imunodeficiência humana (HIV), apenas 48% dos pacientes que iniciaram o tratamento em 2021 é que ficaram curados.
No ano passado, o Gabinete Regional da OMS para a Europa anunciou um plano de ação para a tuberculose, em que fixa o objetivo de erradicar a doença até 2030. No entanto, cumprir essa meta implica um reforço dos esforços de diagnóstico e tratamento, referem os especialistas.
“No rescaldo da pandemia de covid-19, ainda temos um longo caminho pela frente (…). O reforço atempado da prevenção, da testagem e do tratamento são elementos-chave na luta contra a tuberculose e quaisquer atrasos traduzem-se em mais sofrimento e morte”, sublinha a diretora do ECDC, Andrea Ammon, citada em comunicado.
Também o diretor-geral regional da OMS para a Europa, Hans Henri Kluge, apela às autoridades nacionais dos estados-membros que “reforcem os programas de testagem, diagnostiquem atempadamente e que apliquem as recomendações mais recentes”.