O presidente da Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (Apifarma) afirmou que as dificuldades no abastecimento das vacinas contra a covid-19 devem-se à complexidade dos processos biotecnológicos, manifestando-se convicto que serão ultrapassadas com a otimização da produção.
“Esta questão de algum sobressalto no abastecimento em termos de vacinas não deixará de ser ultrapassado e será cada vez mais otimizado”, afirmou João Almeida Lopes, na Comissão Eventual para o acompanhamento da aplicação das medidas de resposta à pandemia da doença covid-19 e do processo de recuperação económica e social.
Perante os deputados, o responsável da Apifarma salientou que, depois do “facto notável” de se ter conseguido desenvolver vacinas contra o SARS-CoV-2 em cerca de um ano, existem procedimentos que têm de ser cumpridos antes de se avançar para a produção industrial desses fármacos.
“De repente estamos a falar, uma vez aprovadas as vacinas, de ser capazes de produzir cerca de 10 mil milhões de vacinas” para administrar à população mundial, adiantou João Almeida Lopes, ao considerar que se trata de produtos de biotecnologia cujos lotes industriais “têm de cumprir todos os requisitos regulamentares e de segurança”.
“A verdade é que estes lotes, em termos biotecnológicos, quando se faz a escala para quantidades maiores, são suscetíveis de problemas técnicos complexos”, referiu o presidente da APIFARMA, citado pela Lusa.
Segundo disse, a produção industrial destes fármacos tem ainda obrigado à deslocalização de fábricas para diversos países, com equipamentos e grupos profissionais diferentes, o que contribui para que, em termos de processos biotecnológicos, “nem sempre corra bem à primeira”.
“O que é garantido é que todos os lotes que são colocados à disposição da população estão completamente de acordo com as regras, estão 100% de acordo com as regras estabelecidas pelos reguladores”, assegurou.
Na audição parlamentar, o presidente da Apifarma destacou ainda o “esforço gigantesco” de diversas empresas farmacêuticas no desenvolvimento das vacinas, o que só “foi possível por haver um conhecimento científico acumulado ao longo de anos de investigação”.
“A verdade é que aquilo que poucos acreditavam que seria possível num espaço de tempo relativamente curto veio a acontecer. Em oito ou nove meses, foi possível a algumas empresas ter vacinas que começaram a ser testadas”, sublinhou.