As Sociedades Portuguesas de Pneumologia, Pneumologia Pediátrica e Sono, Neurologia e Neuropediatria apelaram à inclusão dos doentes neuromusculares na primeira fase de vacinação contra a covid-19.
“Este pedido conjunto das quatro sociedades médicas surge na sequência da identificação destes doentes como indivíduos com um risco de infeção grave e de mau prognóstico a SARS-CoV-2”, revelaram em comunicado as entidades.
Os especialistas apontam para que fatores como a fraqueza dos músculos respiratórios, a dependência de suporte ventilatório, o envolvimento cardíaco e a associação frequente a algumas comorbilidades como a obesidade, hipertensão arterial e diabetes, contribuem para que o risco nestes doentes seja muito elevado.
“As doenças neuromusculares são um grupo heterogéneo de patologias caracterizadas pela fraqueza muscular e com uma prevalência entre 1 a 10/100.000 e na sua maioria não têm cura”, destacaram as sociedades médicas, que enviaram uma carta conjunta para a ‘task force’ que coordena a vacinação a nível nacional, liderada por Henrique Gouveia e Melo.
Segundo as entidades, “nestas doenças, o envolvimento respiratório e, ou, cardíaco constitui a principal causa de morbilidade e mortalidade”, pelo que “na maior parte das doenças neuromusculares, o risco de quadros graves e de mau prognóstico se infeção a SARS-CoV2 é considerado muito elevado”.
As sociedades médicas especificaram no documento os vários fatores que contribuem para esse risco muito elevado, desde logo, “a fraqueza dos músculos respiratórios, condicionando baixos volumes pulmonares e insuficiência respiratória crónica”.
“A este risco muito elevado de infeção grave e de mau prognóstico a SARS-CoV-2, acresce a possibilidade de, num cenário de escassez de cuidados de saúde, nomeadamente de disponibilidade de cuidados intensivos, os doentes neuromusculares poderem ser preteridos no acesso aos mesmos”, remataram as sociedades médicas.