A Organização Mundial da Saúde Europa afirmou que os benefícios da vacina da Astrazeneca contra a covid-19 “ultrapassam muito os seus riscos”, notando que a suspensão em alguns países mostra que “a vigilância funciona”.
“Em campanhas de vacinação é rotineiro assinalar potenciais eventos adversos, mas isso não significa que esses eventos estejam ligados às vacinas”, afirmou em conferência de imprensa virtual o diretor do departamento europeu da OMS Europa, Hans Kluge, comentando a suspensão da aplicação da vacina da Astrazeneca em vários países europeus, incluindo Portugal.
“Nesta altura, os benefícios da vacina da Astrazeneca ultrapassam muito os seus riscos e a sua utilização deve continuar para salvar vidas”, apelou.
Hans Kluge considerou que “a deteção, investigação e avaliação” da ocorrência de algumas dezenas de “problemas raros de coagulação sanguínea” demonstram que há “fortes mecanismos de vigilância e regulação”.
O responsável europeu da OMS salientou que “o embolismo trombovenoso é a terceira doença cardiovascular mais comum no mundo e acontece na população quer esteja ou não vacinada”.
Kluge reconheceu que ainda não se sabe se “alguns ou todos os problemas [de tromboembolismo venoso registado em algumas dezenas de pessoas na Europa] foram causados pela vacina ou por outros fatores coincidentes”.
“A OMS está a avaliar os mais recentes dados de segurança e, quando completados, os resultados serão publicados”, garantiu.
Referiu que as disparidades no acesso a vacinas nos 53 países da região europeia da OMS estão a diminuir mas que “a desigualdade persiste”: enquanto “todos os países de alto rendimento começaram a vacinar, apenas 60 por cento dos países de rendimento médio e baixo o fizeram”.
Até agora, foram administradas na região europeia 107 milhões de doses de vacina e “03% da população em 45 países recebeu uma série completa de vacina”.
Em 23 países, pelo menos “51% dos profissionais de saúde recebeu pelo menos uma dose”.
Um ano depois da declaração de pandemia, verifica-se agora um aumento “agudo em regiões que controlaram a doença com sucesso nos primeiros seus meses: a Europa central, Balcãs e estados do Báltico, onde a incidência de casos, hospitalizações e mortes estão agora entre as mais elevadas do mundo”.
“O perigo ainda está claramente presente”, declarou Hans Kluge, notando que há um aumento de casos há três semanas consecutivas e que na última semana foram detetados 1,2 milhões de casos de infeção pelo novo coronavírus.
Em 48 países, a variante do SARS-CoV-2 conhecida como B117, mais contagiosa e detetada pela primeira vez no Reino Unido, está a tornar-se “gradualmente predominante”.
Apesar disso, vários países “incluindo a Dinamarca, Irlanda, Portugal, Espanha e Reino Unido reduziram rapidamente a transmissão como medidas sociais e de saúde pública para níveis que podem e devem ser mantidos baixos”, referiu.