A UE está “pronta para discutir” a proposta dos Estados Unidos de levantar as proteções de propriedade intelectual das vacinas contra a covid-19 para acelerar a produção e distribuição, afirmou a presidente da Comissão Europeia (CE).
“A União Europeia (UE) está pronta a discutir qualquer proposta que enfrente a crise de forma eficaz e pragmática. Estamos prontos para discutir como a proposta dos EUA pode atingir esse objetivo”, disse Ursula von der Leyen, citada pela agência Lusa.
Num discurso por videoconferência no Instituto Universitário Europeu de Florença (Itália), Von der Leyen lembrou que a UE é por enquanto “o principal exportador de vacinas do mundo” e exortou outros países produtores a suspenderem suas restrições para exportarem as suas doses.
A administração do Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou na quarta-feira o apoio ao levantamento de patentes de vacinas, especificando que Washington está a participar “ativamente” das negociações para esse efeito na Organização Mundial do Comércio (OMC).
Um levantamento temporário de patentes é particularmente exigido pela Índia e África do Sul para poder acelerar a produção, mas alguns países, incluindo a França, opõem-se veementemente.
Até agora, a UE não se manifestou a favor, argumentando que esta solução demoraria, devido à falta de meios de produção imediatamente mobilizáveis. No entanto, recentemente pareceu abrir a porta.
“Uma transferência de patente veria a produção começar dentro de um ano a 14 meses (…). No próximo ano, quando tivermos sucesso em aumentar a produção das nossas fábricas, esta pergunta pode ser feita”, afirmou Thierry Breton, comissário europeu para o Mercado Interno, na segunda-feira.
“Por enquanto, pedimos a todos os produtores de vacinas que autorizem a exportação e evitem todas as restrições que possam perturbar as cadeias de abastecimento farmacêutico”, insistiu Von der Leyen.
O Reino Unido não exportou nenhuma dose fabricada em seu território e nos Estados Unidos uma decisão presidencial bloqueia estritamente a exportação de vacinas e restringe a de componentes de vacinas.
Por outro lado, “a UE exporta para mais de 90 países”, do Japão à Colômbia via México, o que a torna “a farmácia do mundo” e “a única região democrática a exportar em grande escala”, declarou Von der Leyen.
“Foram exportadas mais de 200 milhões de doses produzidas na Europa, ou seja, tantas vacinas quantas a UE forneceu aos seus próprios cidadãos”, sublinhou a presidente da Comissão.
Ursula von der Leyen elogiou o “sucesso” das campanhas de vacinação dos 27, com “mais de três milhões de europeus vacinados todos os dias”. A UE planeia vacinar 70% de sua população adulta até ao final de julho.
Recorde-se que o Governo dos Estados Unidos (EUA) apoiou na quarta-feira os esforços para renunciar às proteções de propriedade intelectual das vacinas contra a covid-19, num esforço para acelerar o fim da pandemia, anunciou a representante do Comércio, Katherine Tai.