Covid-19: Vacina portuguesa pronta para ensaios clínicos mas aguarda apoio público 689

A vacina portuguesa contra o novo coronavírus que está a ser desenvolvida na Immunethep, em Cantanhede, está pronta para entrar na fase de ensaios clínicos, contudo aguarda pelo investimento público necessário.

A informação foi avançada pela Immunethep à agência Lusa, pelo diretor executivo da empresa, Bruno Santos.

De acordo com a empresa, a vacina obteve resultados promissores nos ensaios pré-clínicos (em animais) e está pronta para entrar em ensaios clínicos, e para isso está dependente da chegada do apoio público para arrancar essa fase.

Estes ensaios clínicos iniciais (onde é testada a segurança da vacina em humanos e os seus primeiros sinais de eficácia) vão decorrer maioritariamente em Portugal.

Os testes em humanos, envolverá duas mil a cinco mil pessoas, como a maioria dos indivíduos de risco em Portugal já se encontra vacinada, a Immunethep terá de desenvolver ensaios noutros países, aclarou.

Relativamente à vacina, Bruno Santos sublinhou que esta usa o vírus como um todo, o que a torna “mais robusta” perante diferentes variantes do novo coronavírus que poderão surgir e que poderão minar a eficácia das vacinas desenvolvidas tendo como foco apenas a proteína ‘spike’.

Segundo Bruno Santos, caso já houvesse a garantia de investimento, a empresa poderia já estar a iniciar a produção das vacinas em condições para serem usadas na primeira fase dos ensaios clínicos.

O responsável realçou que a Immunethep tem também tido reuniões com privados, mas que a maior parte do investimento nestas situações vem “de fontes públicas e os privados complementam esse investimento”, e como tal aguarda definição da parte do Governo após “algumas conversas”.

Além da possibilidade de a vacina ser apoiada através de fundos comunitários, Bruno Santos realçou que se deveria “pensar em formas alternativas de financiamento” para acelerar o processo, tal como através da compra antecipada de vacinas por parte do Governo, tal como foi feito noutros países.

“Seria um adiantamento, mas permitiria podermos avançar já”, concluiu, indicando que se prevê um gasto de cerca de 20 milhões de euros na fase de ensaios clínicos.