Helena Florindo, da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, juntamente com a investigadora israelita Ronit Satchi-Fainaro, coordenadora do Cancer Research & Nanomedicine Laboratory da Universidade de Tel Aviv, estão a trabalhar numa potencial vacina, made in Portugal, contra a covid-19.
A noticia é avançada pelo “Observador”, que falou com a professora de Farmácia Galénica e Tecnologia Farmacêutica da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa.
Até fevereiro deste ano, a investigadora portuguesa e a investigadora israelita dedicavam-se ao desenvolvimento de vacinas, mas contra o cancro. Com o aparecimento do covid-19, o foco do trabalho mudou, e foi redirecionado pois acreditaram que tinham uma forma de fazer a diferença: as nanovacinas antitumorais que estavam a estudar há anos poderiam funcionar como plataforma de uma vacina para a covid-19.
As cientistas estão neste momento a trabalhar numa vacina que em vez de usar todo o vírus, utiliza apenas porções de proteínas para estimular a resposta imunológica. Mas a característica principal desta vacina que está a ser desenvolvida, tem menos que ver com o que é dado ao organismo e mais com a forma como é dado.
Este trabalho só está a ser possível devido ao financiamento que receberam de 300 mil euros, do programa CaixaImpulse covid-19 express, lançado pela Fundação “La Caixa” propositadamente para soluções de combate à pandemia, ao qual se candidataram com este projecto denominado por “Desenvolvimento de uma vacina translacional contra a covid-19”.
O projeto “Safe and Efficacious SARS-CoV-2-targeted Vaccine/Desenvolvimento de uma Vacina Translacional Contra a COVID-19, foi um dos seis selecionados (dois em Portugal) – entre 349 candidaturas – para financiamento pela fundação sediada em Barcelona, ao abrigo da edição especial dedicada à covid do programa Caixa Impulse.
Este financiamento vai ajudar as investigadoras a fazerem a passagem do meio académico ao mercado. Vão ter acompanhamento, consultoria e mentoring para montar um plano de negócio, captar o investimento necessário à produção em escala, apoio no contacto com as agências reguladoras e constituir uma empresa para fazer toda a gestão deste processo.
Segundo Helena Florindo, se esta investigação for bem-sucedida, poderemos ter uma nova vacina contra a covid-19 dentro de dois anos. Contudo, “é expectável que haja pelo menos uma vacina aprovada no início de 2021”, indicou a cientista ao “Observador”.
Quando questionada sobre haver vacinas mais adiantadas do que esta, a investigadora responde ao “Observador” que “uma vacina, ou mesmo duas, não conseguem gerar doses suficientes para vacinar toda a população mundial. Prevê-se que acabem por chegar quatro vacinas ao mercado. Desejo – e acredito – que a nossa será uma delas”, conclui.