Criança com síndrome da dificuldade respiratória aguda recupera após tratamento com sangue do cordão umbilical 217

Uma criança de sete anos diagnosticada com uma forma severa da síndrome da dificuldade respiratória aguda, que se encontrava em estado crítico, recuperou após um tratamento inédito com células do sangue do cordão umbilical. O caso, recentemente apresentado na revista científica European Journal of Medical Research, demonstrou que estas células têm a capacidade de restaurar o equilíbrio do sistema imunitário, contribuindo para o controlo da infeção.

Na origem deste diagnóstico de síndrome da dificuldade respiratória aguda (ARDS, do inglês Acute Respiratory Distress Syndrome), cuja taxa de mortalidade pode ultrapassar os 40%, estava um tipo de pneumonia, a pneumocistose, provocada por um microrganismo comum que pode residir nos pulmões de indivíduos saudáveis sem causar qualquer problema, mas que frequentemente se torna patogénico em indivíduos com o sistema imunitário debilitado. Após 30 dias em estado crítico, e esgotadas todas as opções de tratamento sem sinais de melhoria, foi proposta a realização de um tratamento experimental com células estaminais do sangue do cordão umbilical, para tentar reverter a situação.

“A opção pela aplicação de sangue do cordão umbilical esteve relacionada com o sucesso da sua utilização noutras doenças, com um perfil de segurança favorável, e ainda com o facto de ter estado anteriormente associada a melhorias na função pulmonar em bebés prematuros, com redução da necessidade de suporte respiratório”, explica a Dr.ª Bruna Moreira, investigadora do Departamento de I&D da Crioestaminal. Além disso, o sangue do cordão umbilical contém, entre outros tipos de células, células estaminais mesenquimais, cujo potencial para o tratamento de ARDS induzida pela infeção por SARS Cov-2 tem vindo a ser evidenciado em algumas publicações recentes, o que pode ter constituído também um fator decisivo nesta escolha, explica a especialista.

Ao fim de cinco dias após a administração intravenosa de sangue do cordão umbilical, uma radiografia aos pulmões revelou melhorias ao nível pulmonar, marcando, assim, o início da recuperação da criança, que continuou a evoluir favoravelmente, tendo recebido alta 71 dias depois da hospitalização. De acordo com os autores, a função pulmonar melhorou significativamente nos 7 meses de acompanhamento que se seguiram e o tratamento foi considerado seguro, não tendo sido observados quaisquer efeitos adversos decorrentes da sua administração.

Tendo em conta o sucesso deste tratamento, os autores sugerem que o sangue do cordão umbilical pode ser uma opção segura e eficaz para o tratamento de doentes com ARDS e salientam a necessidade de realização de estudos mais alargados que permitam confirmar estes resultados.

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