Neste início do novo ano letivo a Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP) apela a uma resposta rápida e clara sobre as opções de ensino oferecidas a todas as crianças e jovens com diabetes tipo 1. A associação reforça ainda que as famílias precisam agora, mais do que nunca, de orientação de equipas de saúde para avançarem com as decisões mais favoráveis ao desenvolvimento das crianças e que não sejam discriminatórias.
Segundo um artigo publicado pela revista científica Diabetes Care, a 4 de setembro, a evidência acumulada sugere que nas crianças com diabetes tipo 1, o comportamento padrão da doença COVID-19 é igual ao de crianças sem diabetes. E, como salientado por especialistas da área da pediatria, contrariamente à grande maioria das infeções virais, a infeção pelo novo coronavírus SARS-CoV-2 causa um impacto menos grave em idade pediátrica do que no adulto.
Perante as decisões que estão a ser tomadas e as evidências clínicas, José Manuel Boavida, presidente da APDP, defende que “não faz sentido estigmatizar crianças com diabetes por causa da pandemia. As opções de ensino à distância, particularmente para com as crianças diabetes tipo 1, ou outra doença crónica, como uma imposição ou obrigação, são um atentado ao seu desenvolvimento.”
A Organização Mundial da Saúde sublinha a importância dos cuidados na reabertura das escolas, até que a transmissão do SARS-CoV-2 esteja controlada. Em vários países as escolas já reabriram sem impacto significativo na disseminação do vírus na comunidade. Neste sentido, a associação defende que os novos testes rápidos e baratos podem ser a solução para que nesta fase, antes da vacina, se possa quebrar as cadeias de transmissão.
“Temos de aceitar que este ano será diferente, mas, acima de tudo, temos de transmitir confiança aos pais e aos encarregados de educação das crianças e jovens com diabetes porque está provado que o risco de complicações neste grupo não é maior. Intensificar o ensino sobre as medidas dos dias de doença em crianças e jovens com diabetes deve ser a atitude prioritária: monitorização da glicemia, hidratação, controlo da temperatura e nunca interromper a insulina” refere João Filipe Raposo, diretor clínico da APDP.
“A inquietação provocada pela retoma do ensino presencial é natural, mas será ainda pior sujeitar as crianças e os jovens a uma vida de confinamento. As crianças e os jovens precisam do ambiente escolar, para aprender e socializar, e não será a diabetes que os impedirá de se desenvolverem cognitivamente e socialmente”, conclui José Manuel Boavida.
Sobre a APDP
Fundada em 1926, a APDP é a associação de pessoas com diabetes mais antiga do mundo. Com cerca de 15 mil associados, desenvolve a sua atividade na luta contra a diabetes e no apoio à pessoa com esta doença, tendo sempre como meta a integração das pessoas com diabetes enquanto elementos ativos na sociedade. A APDP tem sido pioneira na prevenção, na educação e no acompanhamento personalizado. Conhecer melhor a doença e explorar novas formas de tratamento são os seus principais objetivos, a par da criação de estruturas capazes de dar resposta aos diversos problemas que envolvem a diabetes.