Crianças em Portugal consomem sal acima do recomendado pela OMS 29 de Maio de 2015 Quase todas as crianças portuguesas (93%) ingerem sal acima das recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e 25% consome quantidades «astronómicas» que chegam a triplicar os valores aconselhados, revela um estudo da Universidade do Porto. Uma das conclusões do estudo sobre hábitos alimentares das crianças portuguesas, a que a “Lusa” teve ontem acesso, indica que 93% das crianças ingere sal a mais do que é recomendado pela OMS e que 54% ingere sal acima do máximo tolerável, tendo apenas 8% das crianças ingerido as quantidades de potássio (legumes e fruta) necessárias. O «campeão do consumo excessivo» de sal foi um menino que consumiu 15 gramas de sal e uma menina que chegou a 17 gramas de sal, contou, em entrevista telefónica à “Lusa”, Pedro Moreira, coordenador do estudo da Universidade do Porto, que contou com a colaboração da Direção-Geral da Saúde e foi solicitado pela OMS. «São valores absolutamente astronómicos (…). Para além destes 93% estarem a ingerir sal acima dos valores recomendados pela OMS, há 25% de crianças que consomem quantidades astronómicas de sal», ou seja 12,5 gramas os rapazes e 11,7 ou mais as raparigas, concretizou o especialista. A ingestão de sal recomendada pela OMS é «até cinco gramas por dia», mas há crianças em Portugal a consumir 17 gramas de sal por dia, ou seja a mais que triplicar os valores aconselhados. O estudo realizado a 163 crianças (81 meninos), com idades entre oito e dez anos e a frequentar escolas públicas do ensino básico do Porto foi feito com base na recolha de urina durante 24 horas e respetivo doseamento de sal (sódio), tendo sido também avaliado o consumo de potássio, que se encontra nos legumes e fruta e contraria os efeitos indesejáveis do excesso de sal. Em termos globais, os resultados estavam «maus nas duas vertentes: sódio a mais que é a parte má do sal, e os valores de ingestão de potássio eram muito baixos» ou seja as crianças estão a comer poucos legumes e frutas para combater os malefícios do sal, disse o investigador. Pedro Moreira, que é professor e diretor da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, alerta que o perigo de as crianças consumirem sal em excesso, pois podem transformar-se em crianças com maior «vulnerabilidade a mais pressão arterial, que depois evoluem para um maior risco de hipertensão arterial e respetivas doenças associadas». Relatórios recentes indicam que um consumo excessivo de sal dentro da região europeia, sendo estimado que reduzir a ingestão de sal, pela metade, levaria a uma queda dramática na doença cardíaca coronária. A OMS estabeleceu com a Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, um contrato para realizar uma análise transversal que avaliasse o consumo de sal em grupos vulneráveis, como as crianças. O investigador refere que este estudo é o primeiro trabalho publicado em crianças portuguesas destas idades avaliando simultaneamente a ingestão de sódio e potássio através da excreção urinária. |