Investigadores do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) concluíram que as crianças que consomem alimentos ultra processados aumentam de peso mais rápido e crescem mais lentamente.
No estudo, os investigadores avaliaram a relação entre diferentes padrões de consumo de alimentos ultra processados ao longo da infância e as trajetórias de crescimento e a adiposidade [acumulação de gordura] da infância à adolescência, esclarece, num comunicado, divulgado pela Lusa, o instituto da Universidade do Porto.
A investigação recorreu a dados de 8.647 crianças da coorte Geração XXI, um estudo longitudinal do instituto que, desde 2005, acompanha as crianças que nasceram nas maternidades públicas da Área Metropolitana do Porto e as suas mães.
O consumo alimentar das crianças foi avaliado aos 4, 7 e 10 anos, através de questionários, tendo os alimentos sido classificados de acordo com o grau de processamento.
O estudo identificou quatro padrões de consumo de alimentos ultra processados entre os quatro e 10 anos: “consumo constantemente inferior” (15,4% da amostra), “consumo constantemente intermédio” (56,4% da amostra), “transição de consumo inferior para superior”, isto é, inferior aos 4 e 7 anos e elevado aos 10 (17,2% da amostra) e “consumo constantemente superior” (17,1% da amostra).
Para avaliar o peso corporal, altura, índice de massa corporal, perímetro da cintura e percentagem de massa gorda os investigadores analisaram a informação desde os 4 aos 13 anos. “As conclusões revelaram que um consumo elevado de alimentos ultra processados na infância foi associado a uma maior aceleração no peso corporal, no índice de massa corporal, no perímetro de cintura e na percentagem de massa gorda na adolescência”. O consumo elevado destes alimentos traduziu-se ainda numa “menor aceleração na altura”.
Aos 4 anos, 16,9% dos alimentos que consumiam diariamente eram ultra processados, aos 7 anos 19,4% e aos 10 anos 25,6%. “Curiosamente, não foi encontrado qualquer padrão de diminuição do consumo de alimentos ultra processados ao longo do tempo”, destaca, citada no comunicado, a autora do estudo, Vânia Magalhães.
O estudo da autoria de Vânia Magalhães contou com a orientação de Carla Lopes, ambas do Laboratório de Nutrição e Saúde Cardiometabólica da Unidade de Investigação em Epidemiologia do ISPUP.