Da prevenção ao tratamento: saúde dos homens em debate para derrubar mitos e transformar os cuidados no masculino 29

O cancro da próstata, as doenças cardiovasculares e a diabetes representam apenas algumas das patologias que afetam milhões de homens em todo o mundo, com uma prevalência crescente nas populações envelhecidas e urbanizadas. Apesar da magnitude destes números, a saúde masculina continua a enfrentar barreiras significativas, muitas vezes associadas a estigmas e preconceitos, que levam muitos homens a adiar ou evitar a procura de cuidados essenciais para a prevenção e o tratamento destas doenças. Estes temas estarão em destaque no encontro ‘Saúde no Masculino: do Laboratório à Clínica’, uma iniciativa promovida pela Affidea. O evento irá abordar as especificidades da saúde masculina, com o objetivo de otimizar e individualizar a avaliação e o tratamento, adaptando-os às necessidades de cada caso.

É amplamente reconhecido que os homens têm uma menor predisposição para procurar cuidados de saúde preventivos, um comportamento que, de acordo com o Dr. Ricardo Godinho, médico urologista no IPO de Coimbra e na clínica Affidea em Tomar, pode estar associado a “fatores culturais que ligam a masculinidade à invulnerabilidade. A desinformação e o estigma em torno dos cuidados médicos representam os principais entraves à procura ativa de prevenção por parte dos homens.”

Esta tendência torna-se particularmente preocupante entre os 40 e os 60 anos, faixa etária em que surge a maioria das doenças crónicas, como hipertensão arterial, diabetes e doenças cardiovasculares, além de problemas associados à saúde mental. “Mesmo em idades mais avançadas, os riscos permanecem significativos, especialmente no que se refere ao cancro da próstata. Assim, a vigilância e o rastreio oportunista deve ser uma prioridade em especial nestas as fases da vida adulta”, reforça o especialista.”

A disfunção sexual, a infertilidade e a andropausa são questões significativas na saúde masculina que requerem atenção especializada. No entanto, segundo o Dr. Ricardo Godinho, médico urologista, “persistem muitos mitos, frequentemente associados à falta de informação e a tabus culturais, que dificultam a procura de ajuda, comprometendo a saúde e o bem-estar dos homens.”

Estas condições têm um impacto substancial na qualidade de vida, conforme explica: ‘Iniciam-se, muitas vezes, com uma diminuição da autoestima, evoluindo para situações de stress emocional mais complexas, que podem afetar negativamente as relações familiares e, em alguns casos, desencadear outras condições de saúde, como ansiedade e depressão.”

A evolução na área da saúde masculina, contudo, traz um horizonte promissor. “Os avanços tecnológicos estão a revolucionar a medicina, permitindo diagnósticos mais precoces, tratamentos personalizados e um maior acesso à informação. As recentes inovações que viabilizam uma abordagem personalizada, ajustada às características individuais de cada paciente, têm demonstrado melhorar a eficácia dos cuidados prestados, ao mesmo tempo que promovem uma maior aceitação e adesão por parte dos doentes.”

“Como médico urologista, reconheço a importância fundamental de abordar os desafios da saúde masculina de forma pública e informada. Condições como a disfunção erétil, a infertilidade e o cancro da próstata continuam a ser envolvidas por tabus, levando muitos homens a evitar a procura de ajuda médica.

Promover o diálogo aberto sobre estas questões é essencial não apenas para combater o estigma, mas também para encorajar práticas de prevenção e diagnósticos precoces, que são determinantes para a eficácia do tratamento e para melhorar os prognósticos. Este esforço reflete-se diretamente no aumento da esperança e da qualidade de vida.

Educar a sociedade sobre a importância da saúde masculina é um passo crucial para garantir o bem-estar integral e a equidade no acesso aos cuidados de saúde. É tempo de falar sobre este tema e de agir para fazer a diferença.”

A inscrição no congresso, dirigido a profissionais de saúde, é obrigatória e deve ser feita online. O programa pode ser consultado aqui.