Deco: Fixação do tempo médio das consultas em 15 minutos «menospreza ato médico»
11 de Agosto de 2014
A Deco opôs-se, na sexta-feira, à fixação do tempo médio das consultas em 15 minutos, por considerar que «menospreza o ato médico», advertindo que o essencial é «assegurar a qualidade dos cuidados e não a quantidade cronometrada».
A Associação para a Defesa do Consumidor (Deco) reagiu assim a uma recomendação de um relatório do Tribunal de Contas, divulgado na quarta-feira passada, que sugere que o tempo médio de uma consulta seja de 15 minutos, para diminuir as listas de utentes sem médico de família.
Em comunicado divulgado no seu site, a Deco informa que, atualmente, o tempo médio registado numa consulta ronda os 21 minutos e, segundo as contas dos auditores, a redução para 15 minutos permitiria fazer mais 10,7 milhões de consultas.
Para a associação, esta proposta «menospreza o ato médico, reduzindo-o a uma atividade meramente contabilística e sem ligação à realidade e à individualidade dos utentes», e carece de fundamentação científica.
«Com esta proposta, o Tribunal de Contas extravasou o âmbito da sua intervenção e demonstrou uma visão tecnocrática e desconhecedora da importância da interação entre médico e utente», salientou a Deco, citada pela “Lusa”.
A associação lembra que compete aos médicos adaptar a duração da consulta a cada utente, adiantando que os estudos que tem realizado nesta área evidencia a necessidade de o clínico aprofundar o tempo que dedica ao paciente.
«É frequente este queixar-se de que o médico não o ouve, não aprofunda o caso, não explica a sua condição, não o envolve ou não discute as propostas de tratamento», sustentou.
O relatório da auditoria do Tribunal de Contas ao desempenho das unidades funcionais de cuidados de saúde primários sugere também que o Ministério da Saúde reveja o despacho que elimina do ficheiro do seu médico os utentes que passem três anos sem ir ao centro de saúde.
A Deco diz concordar com esta proposta, porque «a decisão do Governo não resolve o problema (cria, aliás, uma nova lista de utentes sem médico de família) e menospreza a vertente da intervenção preventiva dos Cuidados de Saúde Primários».