O Brasil foi o principal responsável pelos casos de dengue nas Américas, num ano recorde na região, no qual foram registadas 7.713 mortes e 12,6 milhões de casos, indicou hoje a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).
“Este ano enfrentámos a maior epidemia de dengue nas Américas desde que os registos começaram em 1980”, disse, citado pela Lusa, o diretor da OPAS, o brasileiro Jarbas Barbosa, numa conferência de imprensa sobre o balanço epidemiológico de 2024.
De acordo com os dados mais atualizados do Governo brasileiro, o Brasil registou este ano 6.599.897 casos prováveis de dengue e, embora a incidência da epidemia tenha diminuído drasticamente nos últimos meses, foram registadas 5.898 mortes pela doença desde janeiro.
Até agora, o número recorde de casos foi registado em 2015, com 1,6 milhões, enquanto o ano com mais mortes foi 2023, quando morreram 1.094 pessoas.
Este ano, a dengue tem afetado particularmente o Brasil, a Argentina, a Colômbia e o México, com a maioria das mortes concentradas no Brasil.
Barbosa alertou para o facto de a dengue representar “um risco maior do que o normal para as crianças”, uma vez que em países como a Costa Rica, o México e o Paraguai mais de um terço dos casos ocorreu em crianças com menos de 15 anos.
Na Guatemala, 70% das mortes ocorreram em crianças.
Os 12,6 milhões de casos registados no continente, a três semanas do fim do ano, são quase o triplo do número de casos ocorridos em 2023, que já era um recorde de 4,6 milhões.
As mortes, 7.713, são mais do que o triplo das 2.467 do ano passado.
Barbosa também alertou que a dengue, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, “está a espalhar-se em países como a Argentina e o Uruguai, e em países que normalmente não são afetados pela dengue”, como os Estados Unidos.
O diretor da OPAS apontou diretamente os “eventos climáticos”, como secas, inundações e climas mais quentes que favorecem a proliferação do mosquito, como responsáveis diretos por essa explosão da epidemia.
O responsável aproveitou ainda a conferência de imprensa para alertar para o aumento dos casos de febre de Oropouche provocados pela picada de mosquitos infetados.
Em 2024, foi detetado um recorde de 11.600 casos na região, a maioria concentrada no Brasil.
“Embora o surto seja de uma escala muito mais pequena [do que a dengue] requer a nossa atenção devido à sua crescente propagação geográfica”, afirmou.
Até ao momento, foram confirmadas duas mortes no Brasil, mas o responsável disse que está a ser investigada “a possibilidade de transmissão de mãe para filho, incluindo mortes fetais e anomalias congénitas” causadas pela febre de Oropouche.