Um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) revela que a que maioria dos diabéticos deposita agulhas e lancetas no lixo comum indiferenciado, uma prática “incorreta” que “representa um problema de saúde pública”.
“[Esta prática] representa um importante problema de saúde pública”, lê-se nas conclusões do trabalho de investigação “Material médico cortante em Portugal: um estudo transversal das práticas de eliminação entre a população diabética”, de acordo com uma síntese enviada à agência Lusa.
Os investigadores alertam que deitar este tipo de material no lixo doméstico é uma prática “incorreta e perigosa”.
Em causa estão materiais de risco biológico decorrentes da vigilância e terapêutica da diabetes, como agulhas e lancetas.
Além de uma equipa da FMUP, este estudo envolveu cinco unidades de saúde do Norte.
Foram auscultados cerca de 1.500 diabéticos de quatros concelhos da região Norte acerca das práticas de descarte dos materiais de controlo da doença.
De acordo com a síntese remetida à Lusa, 68,1% das agulhas ou dispositivos com agulhas e 71,6% das lancetas foram depositadas no lixo comum, sendo que menos de 20% desses materiais foram devidamente entregues em instituições de saúde.
Ainda segundo os dados do estudo, menos de um quinto dos diabéticos revelou ter tido conhecimento das instruções de depósito adequado por parte de um profissional de saúde, sendo que 22,3% relatam ter sido orientados a descartá-los no lixo doméstico.
De acordo com as orientações em vigor, as agulhas e lancetas devem ser descartadas em contentores próprios para cortoperfurantes com uma tampa.
Estes contentores “poderiam ser entregues aos diabéticos aquando da prescrição terapêutica pelo seu médico, enfermeiro ou farmacêutico”, defendem os investigadores.
Lamentando que em Portugal ainda não exista regulamentação sobre o depósito de materiais de risco biológico, a equipa da FMUP alerta para a crescente prevalência da diabetes mellitus na população e frisa que “em todo o mundo estão a ser criadas cada vez mais soluções para este problema”.
“A gestão dos subprodutos do tratamento da diabetes deveria ser uma preocupação urgente e merecer a atenção da comunidade científica e das autoridades sanitárias”, frisa a equipa de investigação.
Apostar em estratégias de educação e consciencialização do tema juntos dos profissionais de saúde e dos próprios doentes é outra das medidas enumeradas pelos investigadores no combate às práticas de descarte inseguras na diabetes.