Descoberta da UC pode ajudar a tratar doenças cardiovasculares 01 de Setembro de 2015 Uma equipa de 12 investigadores da Universidade de Coimbra (UC) descobriu que uma proteína, a conexina43, existe também em vesículas extracelulares, o que pode vir a contribuir para o tratamento de doenças cardiovasculares.
A equipa descobriu que a conexina43, proteína especializada na comunicação entre células vizinhas, existe também nos exossomas (vesículas extracelulares), que podem funcionar como uma forma de comunicação entre células distantes e «um sistema de controlo de qualidade, através do qual as células podem libertar conteúdos indesejados ou potencialmente tóxicos», anunciou ontem a Universidade de Coimbra (UC).
Em nota de imprensa enviada à agência “Lusa”, a instituição sublinha que esta conclusão pode levar a «novas abordagens terapêuticas, nomeadamente no tratamento de doenças cardiovasculares, utilizando os exossomas como veículo de fármacos e a conexina43 como um facilitador da libertação do conteúdo dos exossomas nas células alvo».
Os exossomas, que estão presentes na saliva e no sangue, «têm um grande potencial clínico e terapêutico», sendo possível isolá-los e «identificar nos seus constituintes moléculas que podem funcionar como biomarcadores para diagnóstico ou prognóstico de doença», referiu o coordenador do estudo, Henrique Girão, citado no comunicado da UC.
«Uma vez isolados, é ainda possível manipular o seu conteúdo, nomeadamente em termos de fármacos, e voltar a introduzi-los no organismo, podendo assim funcionar como veículos terapêuticos», explanou o investigador.
O estudo, que foi realizado em linhas celulares, modelos animais e amostras humanas, demonstra ainda que a conexina43 pode «também mediar a comunicação dos exossomas com as células».
Face à existência, verificada pela primeira vez, de conexinas nos exossomas, a equipa da UC quer agora determinar «a sua relevância» no contexto cardiovascular, em que os exossomas «podem mediar a comunicação entre os diferentes tipos de células que constituem o coração, garantindo o seu normal funcionamento».
Apesar do foco nas doenças cardiovasculares, a descoberta permite «o desenvolvimento de formas de tratamento inovadoras e mais eficazes no combate a vários tipos de doença», frisou Henrique Girão.
A equipa da UC vai ainda avaliar em contexto clínico se a conexina43 pode funcionar também como um indicador para as doenças cardiovasculares, numa colaboração com o Serviço de Cardiologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. |