Descoberta de português permite desenvolver fármaco contra infeções 15 de Janeiro de 2015 Um investigador da Universidade do Porto descobriu que uma proteína responsável por regular o ferro no organismo também protege contra infeções graves, permitindo desenvolver um medicamento importante principalmente para doentes com excesso de ferro (hemocromatose). «Basicamente descobri o motivo pelo qual pessoas com hemocromatose morrem tão rápido [devido a infeções graves] e são tão suscetíveis, descobri que isto acontece porque estes pacientes têm deficiência de uma proteína que regula o ferro, que se chama hepcidina, e que é necessária para as pessoas saudáveis conseguirem combater a infeção», explicou hoje à agência “Lusa” João Arezes. O investigador da Universidade do Porto considerou «interessante» o facto de ter descoberto que «uma proteína que regula o metabolismo do ferro é tão importante no contexto de uma infeção». A partir da conclusão do trabalho, que foi divulgado quarta-feira na publicação norte-americana Cell Host & Microbe, os cientistas do grupo de João Arezes desenvolveram «um medicamento, uma proteína que tem o mesmo efeito da proteína que está em falta nos doentes». Ao ministrar esta proteína a ratinhos com sobrecarga de ferro «conseguimos, por um lado, diminuir a quantidade de ferro e, por outro lado, proteger os ratinhos da morte após infeção», resumiu o investigador. Esta substância foi sintetizada pelo grupo de trabalho de João Arezes, em Los Angeles, nos EUA. O que o resultado agora divulgado traz de novo é que «em ratinhos equivalentes a pessoas com hemocromatose conseguimos diminuir os níveis de ferro e, além disso, proteger contra infeções gravíssimas nos doentes através da administração deste composto», resumiu o cientista. A hemocromatose hereditária é uma doença caracterizada por uma sobrecarga de ferro, ou seja, estes doentes têm demasiado ferro no organismo. O ferro é essencial para várias funções no organismo, mas, quando está em excesso, é tóxico e deposita-se em vários tecidos, como o coração ou o fígado, levando ao desenvolvimento de problemas como cirroses ou cancro hepático. Atualmente, os doentes com hemocromatose recebem o mesmo tratamento que já se faz há 50 ou 60 anos, as sangrias, que consiste em retirar sangue, que pode chegar a meio litro por semana, uma forma «não muito agradável» de retirar o ferro em excesso no organismo, descreveu João Arezes. |