Descoberta estrutura de enzima do fígado importante no metabolismo de fármacos 493

Descoberta estrutura de enzima do fígado importante no metabolismo de fármacos

01 de Setembro de 2015

Uma equipa de investigadores portugueses, em pareceria com outros grupos europeus (França, Reino Unido e Suíça), descobriu a estrutura da aldeído oxidase (AOX), uma enzima do fígado humano que tem especial importância para o metabolismo de vários fármacos.

 

Esta investigação foi publicada ontem na revista “Nature Chemical Biology”, e é um contributo para o desenvolvimento de novos medicamentos, tornando-os mais eficazes e diminuindo o seu custo.

 

Esta descoberta poderá revolucionar o campo da investigação farmacêutica, pois o fracasso de uma grande parte dos ensaios clínicos feitos pelas empresas farmacêuticas deve-se essencialmente à dificuldade de saber se determinada molécula será ou não metabolizada pela AOX, por não se conhecer a sua estrutura até agora.

 

Até à data eram utilizados nos testes modelos animais adequados. Mas o número de enzimas AOX difere consoante a espécie: os roedores têm quatro formas diferentes desta enzima, enquanto os humanos apresentam apenas uma. 

 

A equipa da Universidade Nova de Lisboa (UNL) coordenada Maria João Romão, que trabalha a enzima AOX há oito anos, centrou os seus primeiros estudos na enzima dos ratos e saltou para a enzima humana neste último estudo.

 

Todo o trabalho de produção e purificação da proteína, garante Maria João Romão, poderia ter sido feito em Portugal. «Mas a distribuição de tarefas com outros grupos permitiu-nos ser mais rápidos, eficazes e competitivos, quer a nível nacional quer a nível mundial, tanto para a obtenção de resultados como de financiamento», citou o “Público”.

 

Agora que foi determinada a estrutura 3D da enzima, a compreensão das suas complexidades é um objetivo próximo. Uma delas é a variabilidade da enzima em humanos, que foi primeiramente identificada em 1999. Estas variações chamam-se polimorfismos de nucleótidos simples e são pequeninas alterações normais nas sequências de ADN, neste caso da AOX. Mas para além disto, pensa-se que fatores como o género, a idade, a utilização de drogas ou o fumo do cigarro possam ser responsáveis por variações da enzima.