Descoberta estrutura de enzima do fígado importante no metabolismo de fármacos 01 de Setembro de 2015 Uma equipa de investigadores portugueses, em pareceria com outros grupos europeus (França, Reino Unido e Suíça), descobriu a estrutura da aldeído oxidase (AOX), uma enzima do fígado humano que tem especial importância para o metabolismo de vários fármacos.
Esta investigação foi publicada ontem na revista “Nature Chemical Biology”, e é um contributo para o desenvolvimento de novos medicamentos, tornando-os mais eficazes e diminuindo o seu custo.
Esta descoberta poderá revolucionar o campo da investigação farmacêutica, pois o fracasso de uma grande parte dos ensaios clínicos feitos pelas empresas farmacêuticas deve-se essencialmente à dificuldade de saber se determinada molécula será ou não metabolizada pela AOX, por não se conhecer a sua estrutura até agora.
Até à data eram utilizados nos testes modelos animais adequados. Mas o número de enzimas AOX difere consoante a espécie: os roedores têm quatro formas diferentes desta enzima, enquanto os humanos apresentam apenas uma.
A equipa da Universidade Nova de Lisboa (UNL) coordenada Maria João Romão, que trabalha a enzima AOX há oito anos, centrou os seus primeiros estudos na enzima dos ratos e saltou para a enzima humana neste último estudo.
Todo o trabalho de produção e purificação da proteína, garante Maria João Romão, poderia ter sido feito em Portugal. «Mas a distribuição de tarefas com outros grupos permitiu-nos ser mais rápidos, eficazes e competitivos, quer a nível nacional quer a nível mundial, tanto para a obtenção de resultados como de financiamento», citou o “Público”.
Agora que foi determinada a estrutura 3D da enzima, a compreensão das suas complexidades é um objetivo próximo. Uma delas é a variabilidade da enzima em humanos, que foi primeiramente identificada em 1999. Estas variações chamam-se polimorfismos de nucleótidos simples e são pequeninas alterações normais nas sequências de ADN, neste caso da AOX. Mas para além disto, pensa-se que fatores como o género, a idade, a utilização de drogas ou o fumo do cigarro possam ser responsáveis por variações da enzima. |