Desenvolvido no Porto calçado terapêutico para pessoas com pé diabético 18 de Maio de 2016 Uma startup do Porto desenvolveu um calçado terapêutico e certificado, apropriado para pessoas com pé reumático ou pé diabético em estádio avançado, que ajuda a prevenir o desenvolvimento de úlceras associadas a esta patologia. «Estamos a falar de pés com alterações críticas, em que pequenas diferenças de pressão, de humidade ou de alteração do padrão da marcha podem ter consequências muito mais gravosas do que num pé normal», explicou à “Lusa” João Amaro, fundador da startup (empresa em fase de desenvolvimento) Moldaro. De acordo com o médico fisiatra, no caso dos diabéticos, a alteração desses fatores pode levar ao desenvolvimento de úlceras, infeções e, em casos mais graves, à amputação do pé. «A taxa de morbilidade e mortalidade associada à diabetes é neste momento mais elevada do que algumas doenças infecciosas como a sida, a tuberculose ou a malária», referiu. O atingimento do sistema nervoso periférico e do sistema vascular arterial são os grandes responsáveis pelas manifestações associadas ao pé diabético, enquanto as alterações a nível sensitivo e motor são provocadas pela lesão dos tecidos nervosos. O calçado preventivo, desenvolvido pela equipa, tem a forma com profundidade e largura aumentadas, com pele exterior suave e extensível, forro sem costuras interiores e telas em tecido especial, de forma a garantir a manutenção da estrutura do sapato e uma correta eliminação da humidade. Para além disso, os componentes utilizados na produção do sapato como a estabilização do calcanhar e forma da palmilha removível asseguram uma correta biomecânica da marcha e a dissipação das pressões plantares. «Um dos nossos grandes cuidados é manter o calçado apelativo», indicou o médico, referindo também a estabilidade medial e lateral no contraforte e os materiais macios e almofadados usados no sapato como duas das suas principais características. Por sua vez, a sola é produzida em material leve e antiderrapante, devido ao risco de queda aumentado dos doentes com pé diabético, tendo em conta as suas alterações neurológicas motoras, acrescentou. A startup foi fundada no ano seguinte, com a colaboração de Rui Couto e Isabel Norton, responsáveis pela parte do design e do desenvolvimento do produto, estando incubada no Parque para a Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto (UPTEC) desde então. Os dois primeiros anos foram utilizados para o desenvolvimento, conceção e certificação do produto (conseguida em março), que pode, neste momento, ser utilizado como um dispositivo médico. João Amaro acredita que os doentes merecem «melhores produtos de apoio, especialmente ao nível da comunicação entre quem prescreve e quem oferece o produto médico» e por isso pretende estar ligado “à base”, de forma a garantir a qualidade daquilo que é usado pelos doentes. |