Deslocalização da produção de medicamentos na Europa deixa doentes em risco, diz relatório 792

O fabrico de medicamentos na Europa enfrenta uma crise. Nos últimos 10 a 15 anos, a produção europeia de medicamentos essenciais foi deslocalizada para mercados de baixo custo como a China e a Índia.

Um novo relatório da TEVA intitulado “Addressing Europe’s Medicine Exodus”, apela aos decisores políticos para garantirem um fornecimento mais seguro e fiável de medicamentos essenciais aos cidadãos da UE, reduzindo a dependência dos mercados asiáticos. O documento examina os fatores que levaram à deslocalização do fabrico de medicamentos do continente europeu, e oferece recomendações para reforçar a resiliência da indústria farmacêutica na Europa.

O relatório salienta que “existe o risco que os fornecedores distantes e as longas cadeias de abastecimento” – enfraquecidas por conflitos e pressões como a inflação – “possam comprometer o fornecimento seguro de medicamentos essenciais a doentes europeus”.

Com a redução da capacidade de fabrico, “a Europa pode não ser capaz de garantir um fornecimento fiável dos medicamentos necessários, a par de uma procura crescente.”  Os seus sistemas de saúde poderão tornar-se quase “inteiramente dependentes da China e de outros mercados, com a diminuição do controlo que isso implica”, lê-se em comunicado.

Segundo o relatório, esta situação enfraqueceu a diversidade de medicamentos essenciais na Europa e, portanto, a segurança – sendo os antibióticos e o paracetamol um “caso flagrante”. Com efeito, esta mudança reduziu a capacidade da Europa de fornecer medicamentos essenciais aos doentes em momentos de maior necessidade. A covid-19, continua, evidenciou esta tendência.

Por isso, a TEVA apela a “um fornecimento mais seguro dos medicamentos essenciais dos quais milhões de doentes na UE dependem diariamente”, e insta os decisores políticos nacionais e da UE para que apoiem a indústria europeia no fabrico de medicamentos essenciais.

Marta González, diretora geral da TEVA Portugal, salienta a importância do apoio dos legisladores nacionais: “A deslocalização da produção de medicamentos da Europa para os mercados emergentes deixou os doentes europeus vulneráveis. Agora é o momento de apoiar a produção europeia de medicamentos – e as suas cadeias de abastecimento – enquanto ainda podemos. Por isso apelamos aos legisladores nacionais e da UE que se comprometam a adotar uma série de medidas concretas destinadas a assegurar o fabrico europeu, colocando a indústria numa base mais segura para melhorar os resultados dos pacientes.

“Com o elevado preço da energia a aumentar o custo dos produtos, a questão que se coloca é até que ponto se pode permitir que o fabrico destes medicamentos essenciais não seja afetado antes que seja demasiado tarde”, diz.  A pandemia “evidenciou a fragilidade do setor farmacêutico europeu quando as fronteiras e as fábricas no estrangeiro foram encerradas. E agora, as crises energética e económica, são um novo sinal de alerta.”

Aceda ao relatório completo aqui.