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DGS: Carne processada não é problemática se consumo for moderado

27 de Outubro de 2015

A Direção-Geral da Saúde (DGS) considera que o consumo de carne processada não é problemático, desde que seja moderado e em refeições com alimentos protetores, como as frutas e hortícolas.

 

Pedro Graça, diretor do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável da DGS, reagiu desta forma ao anúncio de que a carne processada – como bacon, salsichas ou presunto – é cancerígena para os seres humanos, noticiou a “Lusa”.

 

A conclusão consta de um estudo divulgado pela Agência Internacional para a Investigação sobre o Cancro (IARC), da Organização Mundial de Saúde (OMS), que alertou que a carne vermelha também é «provavelmente» cancerígena.

 

Para Pedro Graça, o anúncio reitera o que há alguns anos os especialistas têm alertado: a relação entre o consumo de carne processada e o risco para o aparecimento de cancros, nomeadamente o cancro colon-retal, mas também o da próstata e do pâncreas.

 

«A novidade é o grau do reforço» do alerta, explicou o nutricionista, para quem as indicações da DGS nesta matéria vão manter-se e apontam no sentido do consumo moderado deste tipo de alimentos.

 

«Não é um bife de vaca que, apesar de dever ser consumido de forma moderada, vai provocar o cancro. Agora, o seu consumo deve manter-se ou ser reduzido para até 500 gramas por semana, o que equivale a quatro ou cinco refeições de carne por semana», explicou.

 

Segundo Pedro Graça, «a alimentação inadequada é dos fatores que mais rouba anos de vida às pessoas, nomeadamente aos portugueses».

 

«Continuamos a comer mais ou menos a mesma coisa, apesar dos alertas», lamentou.

 

Outra solução defendida pela DGS passa pelo acompanhamento das refeições com alimentos protetores, como os hortícolas e a fruta, que deve estar presente diariamente nos menus dos portugueses.

 

O documento foi elaborado por um grupo de trabalho composto por 22 especialistas de 10 países, que foram convocados para o Programa de Monografias da IARC, organização com sede na cidade francesa de Lyon.

 

O grupo de trabalho considerou que existem «provas suficientes» de que a ingestão de carne processada está ligada ao cancro colo-rectal.

 

Os mesmos especialistas classificaram o consumo de carne vermelha como «provavelmente» cancerígeno para os seres humanos, com base em «provas limitadas» de que a ingestão deste tipo de alimento pode estar associada ao cancro colo-rectal, mas também ao cancro do pâncreas e ao cancro da próstata.

 

«Para um indivíduo, o risco de desenvolver cancro colo-rectal por consumir carne processada é pequeno, mas o risco aumenta à medida que aumenta a quantidade de carne consumida», afirmou Kurt Straif, chefe do Programa de Monografias da IARC, citado num comunicado.

 

E acrescentou: «Tendo em conta o grande número de pessoas que consome carne processada, o impacto global sobre a incidência de cancro é de grande importância para a saúde pública».