DGS considera que risco de propagação de sarampo em Portugal é “muito baixo” 231

A Direção-Geral da Saúde (DGS) considerou no passado dia 27 de janeiro que o risco da propagação de sarampo em Portugal é “muito baixo”, após a região europeia da Organização Mundial de Saúde (OMS) ter registado um aumento alarmante de casos nos últimos meses.

Nas últimas semanas, o país contabilizou três casos de sarampo, dois dos quais importados.

Em declarações à agência Lusa, a coordenadora do programa nacional de vacinação da DGS, Teresa Fernandes, explicou que em Portugal o “risco é muito baixo”, porque a “generalidade da população” está imunizada e o país continua “com excelentes coberturas vacinais”.

“Estamos atentos e a prova disso é que estamos a detetar casos. O facto de haver estes alertas a nível internacional faz com que os nossos clínicos estejam mais alerta e a DGS e todas as entidades têm estado a alertar por vários meios sobre a doença. E, portanto, temos tido vários casos suspeitos, mas neste momento só se verificaram três”, salientou.

A responsável admitiu que é possível que surjam mais casos, mas sem causar alarme, lembrando que desde 2020 – quando foram detetados nove casos – não havia registos devido às medidas de contenção da pandemia da covid-19.

“É possível que surjam mais [casos] naturalmente, porque o risco é muito elevado [na região europeia da OMS], mas geralmente são casos importados”, disse, indicando que “Portugal é um dos países que tem o sarampo e rubéola eliminados”, porque tem “um dispositivo de saúde pública que verifica qualquer caso que apareça”.

De acordo com Teresa Fernandes, o país tem “um nível de vigilância bastante grande e de resposta de saúde pública”.

“Apesar do nível de alerta estar muito elevado, nós vamos detetando os casos, vamos investigando, vamos reagindo e para já não temos motivos para um grande alarme, mas pretendemos sensibilizar, quer os profissionais para deteção de casos (…), quer as famílias e as pessoas para se vacinarem”, afirmou.

Entre janeiro e outubro do ano passado, foram registados mais de 30 mil casos em 40 dos 53 países da região europeia da OMS, um aumento anual de 30%. Em 2022, foram registados 941 casos.

Nesse período, segundo a OMS-Europa, registaram-se 20.918 hospitalizações por sarampo e cinco mortes em dois países.

À Lusa, Teresa Fernandes recordou, citando a OMS, que Portugal tem o sarampo erradicado desde 2012 e que a vacina VASPR (sarampo, papeira e rubéola) é recomendada às crianças com 12 meses, apesar de ser possível a vacinação em idade adulta.

“O mais importante é a primeira dose aos 12 meses”, porque nessa altura as crianças já perderam a imunidade transmitida pela mãe, e, portanto, “recomenda-se que não adiem essa vacinação, (…) porque são crianças que estão em escolas e em infantários e pode haver um surto, se houver mais do que uma criança não vacinada”, alertou.

A coordenadora do programa nacional de vacinação disse ainda que 98% das crianças entre os 12 meses e os dois anos estão vacinadas com a primeira dose e 95% das que têm 5/6 anos também já receberam a segunda dose.

“Esta adesão tem-se mantido mais ou menos constante”, frisou.

O esquema vacinal recomenda que se administre a vacina VASPR às crianças com 12 meses (1.ª dose) e com 5 anos (2.ªdose).

Os adultos nascidos em 1970 ou depois, que nunca tiveram a doença nem foram vacinados contra o sarampo, também são elegíveis para receber uma dose de vacina VASPR.

Segundo a DGS, o sarampo é provocado por um vírus e é uma das doenças infecciosas mais contagiosas, transmitindo-se de entre pessoas por via aérea, através de gotículas ou aerossóis de pessoas infetadas.

Habitualmente a doença é benigna, mas, em alguns casos, pode ser grave ou levar à morte.

A vacinação é a principal medida de prevenção e a vacina faz parte do Programa Nacional de Vacinação.