DGS: Um quinto dos portugueses sofre de perturbações mentais 04 de dezembro de 2014 Um em cada cinco portugueses sofre de perturbações psiquiátricas, patologias que mais contribuem para anos de vida perdidos, a seguir às doenças cérebro-cardiovasculares, segundo o relatório “Portugal – Saúde Mental em Números 2014”, hoje apresentado. Segundo a “Lusa”, o relatório, que cita o 1º Estudo Epidemiológico Nacional de Saúde Mental divulgado em 2013, revela que as perturbações psiquiátricas afetam mais de um quinto da população portuguesa. Com os valores mais altos de prevalência anual destacam-se as perturbações da ansiedade (16,5%) e as perturbações depressivas (7,9%). «Em comparação com outros países ocidentais, Portugal apresenta dos mais altos valores de prevalência de perturbações psiquiátricas (22,9%), apenas comparáveis com a Irlanda do Norte (23,1%) e com os EUA (26,4%)». Reportando-se aos dados mais recentes disponíveis sobre os anos perdidos de vida saudável, relativos a 2010, o relatório revela que as doenças psiquiátricas representaram 11,75% da carga global de doença, logo atrás das doenças cérebro-cardiovasculares (13,74%) e com mais peso do que as doenças oncológicas (10,38%). Em relação à carga de morbilidade, quantificada através dos anos vividos com incapacidade, as perturbações mentais e do comportamento constituem um «motivo acrescido de preocupação» face ao valor apurado (20,55%), em relação às doenças que se lhe seguem: respiratórias (5,06%) e diabetes (4,07%). Quanto à taxa de mortalidade por suicídio, o relatório aponta para um aumento em 2012, último ano com dados disponíveis. Entre 2008 e 2012, esta taxa variou entre 9,7 e 10,1 por 100 mil habitantes, sendo que os valores mais expressivos se verificam na faixa etária acima dos 65 anos, com uma taxa de 21,1 casos por 100 mil habitantes. O relatório sublinha, contudo, a existência de «fortes indícios de subnotificação» do suicídio como causa de morte, devido ao grande número de mortes por «causa indeterminada», uma realidade que deverá mudar em 2014, com a entrada em vigor em janeiro do sistema SICO (Sistema de Informação de Certificados de Óbito), que permite conhecer dados mais atualizados e mais rigorosos. O relatório da Direção-Geral da Saúde revela ainda que as equipas comunitárias de saúde mental em Portugal continuam num patamar de desenvolvimento inferior ao dos restantes países da Europa Ocidental, considerando que o modelo de financiamento e composição continua a ser um dos maiores obstáculos à evolução do funcionamento dos serviços. «Enquanto este aspeto não se modificar, a intervenção psicofarmacológica tenderá a continuar a ser a resposta predominante, mesmo nas situações em que não está particularmente indicada». Portugal é também um dos países europeus com maior consumo de ansiolíticos, sedativos e hipnóticos, sendo o alprazolam e o lorazepam as duas substâncias que mais se destacam e que integram o subgrupo das benzodiazepinas com maior potencial de induzirem tolerância e dependência. Estas substâncias têm registado acréscimos anuais de consumo, contrariando a tendência verificada no resto da União Europeia, pelo que o relatório recomenda uma «análise da prática sobre a prescrição e utilização destes fármacos». O documento aponta ainda para a necessidade de reforçar e descentralizar médicos especialistas, quer para adultos quer para crianças e adolescentes. |