Estima-se que entre 50% e 80% das pessoas com dor crónica sofrem de distúrbios de sono1, sendo a insónia, síndrome das pernas inquietas e apneia obstrutiva do sono os mais comuns2. Estes podem afetar a resposta do doente à dor, uma vez que a perceção da dor aumenta à medida que o sono é comprometido3.
No âmbito do Dia Mundial do Sono, que se assinala a 19 de março, a Associação Portuguesa para o Estudo da Dor (APED) pretende sensibilizar para a importância da qualidade do sono nas pessoas que vivem com dor crónica.
A Dra. Ana Pedro, Presidente da Associação Portuguesa para o Estudo da Dor (APED), afirma que “o sono é frequentemente utilizado como um indicador do controlo correto da dor. Sendo crucial que os doentes que lidam com dor crónica sejam acompanhados devidamente por forma a adotarem uma higiene de sono adequada e, consequentemente, melhorarem a sua qualidade de vida”.
Tendo em conta que as patologias causadoras de dor, como a fibromialgia, lombalgia, dor neuropática, artrose, enxaquecas, entre outras, podem alterar a qualidade do sono e que um distúrbio de sono pode agravar estas condições, a abordagem terapêutica de ambos deve ser comum, ou seja, para diminuir a dor é necessário controlar o sono e vice-versa.
Para aliviar os sintomas físicos causadores da dor e conseguir dormir melhor, a APED recomenda algumas medidas simples para a adoção de uma “higiene do sono”:
• Dormir num ambiente adequado;
• Usar colchões e almofadas de densidade adequada;
• Manter uma rotina de horários de sono;
• Evitar ou diminuir o consumo de cafeína e álcool;
• Praticar técnicas de relaxamento.
A dor crónica atinge 1 em cada 3 portugueses, sendo a 2ª doença com maior prevalência em Portugal4. Afeta a qualidade de vida do doente e das famílias, não apenas devido à dificuldade ou incapacidade física, funcional e motora, mas também ao ter um grande impacto a nível pessoal e emocional.
Referências
1. Heidi Moawad, MD. Sleep Disturbances as a Sequalae of Chronic Pain. November 19, 2020
2. Thayer JF, Yamamoto SS, Brosschot JF. The relationship of autonomic imbalance, heart rate variability and cardiovascular disease risk factors. Int J Cardiol. 2010;141(2):122-131.
3. Weissman MM, Pilowsky DJ, Wickramaratne PJ, et al. Remissions in maternal depression and child psychopathology: a STAR*D-child report. JAMA. 2006;295(12):1389-1398.
4. Kaplan, W, Wirtz, V.J, Mantel-Teeuwisse, A, et al. Priority medicines for Europe and the World: 2013 update. World Health Organization; Geneva, Switzerland. 2003.