2024 foi o ano em que, “pela primeira vez, os farmacêuticos comunitários foram formalmente integrados na campanha de vacinação contra a gripe e a COVID-19”, declarou Helder Mota Filipe, bastonário da Ordem dos Farmacêuticos, ao NETFARMA, acrescentando que “foi ainda um ano em que se sedimentaram novos serviços farmacêuticos, como a renovação da terapêutica crónica ou a dispensa de medicamentos hospitalares em proximidade. Em que aprovámos regulamentação e normas profissionais para garantir a sua qualidade e segurança daqueles serviços, para que todos os portugueses possam deles beneficiar nas melhores condições”.
Perante esta realidade, instituições que reúnem farmacêuticos comunitários, como a Associação de Farmácias de Portugal (AFP) e a Associação Nacional das Farmácias (ANF), contaram, ao NETFARMA, o que acham que os farmacêuticos devem comemorar este ano, no Dia Nacional do Farmacêutico, que se assinala hoje, e o que gostariam de poder comemorar para o ano.
Ema Paulino, presidente da Associação Nacional das Farmácias (ANF)
Este ano: “Celebrar todas as histórias de vida que mudaram com a sua intervenção”
“Os farmacêuticos, todos eles, devem sentir-se orgulhosos, todos os dias, do trabalho que desenvolvem em prol da saúde e da qualidade de vida das pessoas.
Uma palavra especial para os farmacêuticos comunitários, que optaram por fazer carreira numa área de enorme exigência, tanto em termos de humanismo como de resiliência, mas também de profunda ambição de conhecimento e constante capacitação. O farmacêutico comunitário é alguém com um verdadeiro sentido de realização através do impacto positivo direto na modelação da qualidade de vida das pessoas, o que nos permite afirmar que esta não é só uma profissão: é uma vocação.
Este ano, os farmacêuticos comunitários portugueses podem celebrar todas as histórias de vida que mudaram com a sua intervenção mais alargada na jornada de saúde das pessoas, de que a consolidação do seu papel nas campanhas de vacinação sazonal é apenas um exemplo.”
Para o ano: “Celebrar a conquista de novos passos de integração do farmacêutico comunitário e das farmácias no ecossistema da saúde”
“Gostaria que pudéssemos, em conjunto, estar a celebrar a conquista de novos passos de integração do farmacêutico comunitário e das farmácias no ecossistema da saúde em Portugal, nomeadamente através do desenvolvimento de áreas de intervenção já identificadas, como as situações clínicas ligeiras, por exemplo, em colaboração com o SNS, que permita reduzir a afluência injustificada às urgências em condições passíveis de tratamento na farmácia comunitária.
De resto, em 2025 estaremos a celebrar os 50 anos da Associação Nacional das Farmácias, um projeto que nasceu e vive para o desenvolvimento da farmácia comunitária em Portugal, e onde todos os dias são dia do farmacêutico.”
Isabel Cortez, Presidente da Associação de Farmácias de Portugal (AFP)
Este ano: “Devemos estar particularmente orgulhosos do sucesso da primeira campanha de vacinação sazonal”
“Os farmacêuticos devem comemorar, com muito orgulho, a sua capacidade de dedicação e profissionalismo, cada vez mais reconhecidos pela população que, nos momentos mais difíceis, contam com a sua disponibilidade, competência e conhecimento para garantir uma prestação de cuidados de saúde de qualidade. A farmácia constitui, atualmente, um recurso cada vez mais importante e qualificado de saúde, contribuindo para os indicadores de saúde do país.
Este ano, devemos estar particularmente orgulhosos do sucesso da primeira campanha de vacinação sazonal contra a gripe e a COVID-19 que contou com o contributo das farmácias. De acordo com o levantamento efetuado, a aposta política nas farmácias como rede de proximidade do Serviço Nacional de Saúde permitiu reduzir assimetrias no acesso à vacinação, melhorar a satisfação das pessoas, libertar recursos no SNS, gerar poupanças económicas para o utente e impactou positivamente a cobertura vacinal da população”.
Para o ano: “As farmácias podem ir onde o Serviço Nacional de Saúde tem mais dificuldade em chegar”
“A exemplo do que tem vindo a acontecer na Europa, nomeadamente em França e no Reino Unido, gostaríamos de elevar o nosso potencial a outros serviços, sendo para tal necessário que as farmácias comunitárias fossem inegavelmente reconhecidas e valorizadas como agentes de saúde, ao serviço da população, enquanto rede de proximidade do Serviço Nacional de Saúde.
Mais concretamente, gostaríamos de comemorar o alargamento dos serviços farmacêuticos, além da vacinação e da renovação terapêutica para doentes crónicos, à implementação da dispensa de medicamentos hospitalares em proximidade e aos Testes Rápidos de Orientação de Diagnóstico (TROD’S), contribuindo desta forma para aliviar a pressão nas urgências e centros de saúde, assegurando o tratamento da população e a redução da despesa em saúde.
As farmácias podem ir onde o Serviço Nacional de Saúde tem mais dificuldade em chegar, garantindo o direito de todos os portugueses à saúde tanto através do combate à iliteracia, da prevenção e deteção precoce de doenças, da promoção da adesão à terapêutica, da realização de testes rápidos de orientação de diagnóstico, bem como da entrega de medicamentos hospitalares, entre outros serviços inovadores”.
Nas farmácias comunitárias
O NETFARMA falou ainda com farmacêuticos comunitários para conhecer, além do que julgam ser os desafios e as vitórias da profissão, os desafios que as suas farmácias enfrentaram este ano, as suas conquistas, assim como o que gostariam de poder comemorar para o ano, no Dia Nacional do Farmacêutico.
Nadina Nogueira de Sousa, diretora técnica da Farmácia Nogueira, em Calvaria de Cima
“Levei a cabo com a minha equipa e família a remodelação da Farmácia Nogueira que se tornou mais ampla, zen e harmoniosa. Também lançámos a farmácia Nogueira Digital para numa primeira fase dar a conhecer melhor os nossos serviços e ações.
Considero uma vitória porque nesta sociedade sempre em mutação, esta transformação ajudou-nos a focar no essencial, tanto em termos de ações e projetos bem como na nossa atenção e disponibilidade com os nossos utentes e parceiros. Aprofundar os nossos conhecimentos e relações entre colaboradores, utentes e parceiros contribui para uma melhor compreensão, empatia e compaixão, dando mais sentido ao nosso dia a dia desgastante.
Na nova farmácia a Natureza está presente tanto na sua vertente científica como simbólica e filosófica, para ser respeitada, estudada e preservada. Reforçámos o conhecimento e a formação nas áreas da fitoterapia e aromaterapia de forma a considerar no nosso aconselhamento.”
Iniciativas e parcerias
“Este ano, realizámos ainda workshops mensais com a colega farmacêutica Drª Lurdes Graça, especializada em alimentação funcional sobre a importância da alimentação saudável funcional (macro e micronutrientes, digestão, saúde intestinal, prebióticos e probióticos, aprender a amar a alimentação, a importância da crononutrição). Estabelecemos uma parceria com a enfermeira Vânia Silva, do Círculo Nascer, que inclui workshops que acompanham desde a gravidez à amamentação, higiene do bebé, introdução alimentar e primeiros socorros. Iniciámos outra parceria com a psicóloga Drª Elsa Rodrigues e a Associação de Pais da Calvaria, consistindo em palestras mensais sobre a saúde mental. A primeira palestra abordou tema das birras ‘Querer e não ter, desejar e não poder, eis a questão’ e a segunda ‘Uma casa à beira de um ataque de nervos – estratégia de promoção do bem estar e regulação emocional dos miúdos e graúdos’.”
Comemorar a união e o diálogo entre colegas
“É importante comemorar o esforço e sucesso da participação de todas as farmácias na vacinação contra a gripe e a COVID-19 da população portuguesa. Comemorar também a união e o diálogo entre colegas e o grupo de farmácias é essencial para nos mantermos unidos e inspirados, de forma a realizar mais ações que garantam o acompanhamento das grávidas e primeira infância, das doenças crónicas (cancro, diabetes e etc.) e a promoção de um envelhecimento físico e mental com qualidade. É fundamental para o farmacêutico estar em diálogo constante com todos os profissionais de saúde e com as forças vivas da sua comunidade.”
João Neto, diretor técnico da Farmácia Almancil, em Almancil
“Este ano a pressão sobre o sistema de saúde voltou a tornar evidente que os farmacêuticos podem ter um papel importante na gestão de recursos, através da nossa proximidade e competência no acompanhamento dos utentes.
Na minha aérea de atuação, farmácia comunitária, destacaria o fortalecimento do papel do farmacêutico como um profissional de saúde essencial na gestão de doenças crónicas e o nosso contributo na campanha de vacinação.
Acredito que devemos celebrar o reconhecimento crescente da nossa profissão, não só pelos cidadãos, mas também pelos responsáveis políticos.
A coragem e vontade de estar presente que os farmacêuticos e restantes profissionais de farmácia demonstram é de assinalar. Vejo a vontade de ter cada vez mais um papel ativo no sistema de saúde. Sistema esse que demonstra também, precisar cada vez mais de nós.”
Comemorar “um maior reconhecimento formal do papel do farmacêutico”
“Espero que possamos criar um ecossistema mais favorável à inovação e criação de serviços diferenciadores que melhorem a qualidade de vida dos utentes.
Comemorar também um maior reconhecimento formal do papel do farmacêutico em áreas como a saúde publica, a inclusão de novas competências, como a prescrição farmacêutica para situações clínicas ligeiras, onde a nossa proximidade e conhecimento podem fazer a diferença.
De forma resumida, gostava que fossemos cada vez mais, parceiros indispensáveis da saúde em Portugal.”
Nadina Nogueira de Sousa, diretora técnica da Farmácia Nogueira, em Calvaria de Cima
