A Direção-Geral da Saúde está em articulação com as autoridades de saúde internacionais sobre o novo vírus detetado na China, aguardando mais informação da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre eventuais medidas a considerar, adiantou a DGS à Lusa.
Um estudo científico revelou a deteção deste novo vírus de origem animal, da família dos Henipavírus, em 35 pessoas nas províncias chinesas Shandong (leste) e Henan (centro). O vírus, para o qual atualmente não há vacinas ou tratamentos, foi detetado por meio de amostras recolhidas da garganta de doentes que tiveram contacto recente com animais, e está associado a sintomas como febre, cansaço, tosse, perda de apetite, dores de cabeça e musculares, e náuseas, segundo o jornal oficial Global Times, que cita um artigo publicado por cientistas da China e Singapura no New England Journal of Medicine.
Questionada pela agência Lusa sobre se Portugal já está a tomar algumas medidas de prevenção, a Direção-Geral da Saúde (DGS) afirmou que já recebeu a informação do alerta pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC). A DGS refere que nas atividades de ‘Epidemic Intelligence’ o alerta foi divulgado “como habitualmente” pela rede de autoridades de saúde, laboratório de referência nacional e outros parceiros nacionais, tendo a autoridade nacional de saúde estabelecido articulação com a OMS e o ECDC.
Habitualmente, neste tipo de alerta, a OMS e ECDC desencadeiam a abordagem para a validação do alerta, confirmação e avaliação de risco conjunta e harmonizada e eventuais medidas a considerar nos diferentes países europeus, refere a DGS numa resposta escrita à Lusa. “Tendo em conta que o alerta não foi efetuado pelas autoridades chinesas, mas sim no contexto de uma publicação científica, o procedimento internacional deste tipo de alerta requer esta abordagem inicial da OMS, pelo que, a DGS, assim como as autoridades de saúde dos restantes países aguardam mais informação da OMS e do ECDC”, salienta.
O Global Times refere que investigações posteriores revelaram que 26 dos 35 doentes desenvolveram sintomas clínicos, aos quais se somam irritabilidade e vómitos. Segundo o portal de notícias estatal The Paper, o henipavírus é uma das principais causas emergentes do salto de doenças de animais para seres – humanos – um processo designado zoonose – na região da Ásia – Pacífico.
Aquele meio indicou que um dos vetores de transmissão do vírus é o morcego frugívoro, considerado hospedeiro natural de dois dos Henipavírus conhecidos: o vírus Hendra e o Nipah. Segundo a OMS, o vírus Hendra causa infeções em pessoas, que variam entre assintomáticas e infeções respiratórias agudas e encefalites graves, com uma taxa de letalidade estimada entre 40 e 75%, que “pode variar, dependendo das capacidades locais de pesquisa epidemiológica e gestão clínica”.
O Global Times lembrou que não está provado que haja casos de transmissão de pessoa para pessoa, embora estudos anteriores indiquem que este tipo de contágio não está descartado. “O coronavírus não será a última doença contagiosa a causar uma pandemia, pois novas doenças terão um impacto crescente na vida quotidiana dos seres humanos”, disse o vice-diretor do Departamento de Patologias Infecciosas do Hospital Huashan, afiliado à Universidade de Fudan, em Xangai, citado pelo jornal.