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Diretor-geral da Saúde contesta dados da OMS sobre tuberculose

14 de Outubro de 2016

O diretor-geral da Saúde, Francisco George, contestou ontem os dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre a incidência da tuberculose em Portugal, salientando que se trata de estimativas com margens de erro.

Um relatório da OMS, divulgado, assinala que Portugal era, em 2015, o país da Europa Ocidental com a maior taxa de incidência de tuberculose, com 23 casos por cem mil habitantes.

À “Lusa”, o diretor-geral da Saúde sustentou, reagindo ao relatório, que a OMS apresenta «estimativas com margens de erro, e não números reais, absolutos».

Em comunicado, Francisco George esclarece que a taxa de incidência de tuberculose em Portugal, em 2015, era de 19,2 casos por cem mil habitantes, precisando que, no ano passado, foram diagnosticados e comunicados à Direção-Geral da Saúde (DGSaúde) 1.987 novos casos da doença (excluindo retratamentos) de um total de 2.158.

«Oportunamente, já tínhamos dito aos relatores que não concordávamos com o relatório e com a fórmula apresentada. Em Portugal, não há estimativas, há números absolutos correspondentes a cada caso que é diagnosticado e tratado», frisou, acrescentando que foi pedida à OMS uma auditoria ao sistema de informação usado pela DGS, para que não seja aplicada a margem de erro nas estatísticas.

Para países como Portugal, com «sistemas de informação rigorosos que não foram auditados», é aplicada uma margem de erro, invocou.

O diretor-geral da Saúde apontou que a taxa de incidência da tuberculose, em Portugal, tem diminuído desde 2000, estando o país «abaixo da linha vermelha» dos 20 casos por cem mil habitantes.

«Mas temos a noção de que temos de continuar a trabalhar muito», comparando com os valores dos países na Europa Ocidental, ressalvou.

De acordo com o relatório da OMS, que tem estimativas sobre a doença à escala global, Portugal foi, em 2015, em termos europeus, apenas superado por países do Leste como Rússia, Roménia, Moldávia, Geórgia, Ucrânia, Bósnia-Herzegovina, Arménia, Bielorrússia, Letónia e Lituânia, com taxas de incidência da tuberculose superiores à da região europeia, que foi de 36 casos por cem mil habitantes.

Apesar da prevalência em Portugal, a DGS realçou, em março, na divulgação de dados sobre a infeção, que o país atingiu, no ano passado, o número mais baixo de sempre de casos de tuberculose.