Diretora-geral da Saúde defende necessidade de traduzir inovação científica em “políticas para a população” 299

A diretora-geral da Saúde, Rita Sá Machado, afirmou, ontem, durante o Encontro de Ciência, que decorre até sexta-feira no Porto, que o país continua a “não fazer o suficiente” na implementação de medidas no âmbito da saúde mental, mas também da qualidade de vida associada à longevidade e obesidade.

Numa sessão plenária dedicada às doenças e terapias do futuro, a diretora-geral da Saúde destacou, de acordo com a Lusa, que a própria pandemia revelou a necessidade de, além de uma boa saúde física, “conseguirmos ser mais resilientes e mais fortes”.

Para tal, defendeu, é necessário “preparar o futuro no início da vida”.

 

Qualidade de vida e longevidade

“Na Direção-Geral da Saúde (DGS), além de nos preocuparmos com doenças, preocupamo-nos sobretudo com a saúde”.

Neste sentido, destacou que “a verdade é que aumentamos a nossa longevidade e ainda não fomos capazes de melhorar a qualidade. E não fomos capazes por variadíssimas razões (…) porque ainda não conseguimos implementar políticas que vão a dez anos e não a quatro anos, que não seguem ciclos eleitorais”.

Rita Sá Machado defendeu, por isso, a necessidade de se traduzir rapidamente a inovação científica em “políticas para a população”.

 

O “elefante na sala”

À saúde mental e qualidade de vida, Rita Sá Machado somou ainda o excesso de peso e obesidade, doenças que preocupa e as quais considerou “o elefante na sala”.

“Continuamos a falar deste elefante que está na sala, mas uma vez mais ainda não estamos a fazer o suficiente”, observou.

Destacando a implementação de estratégias como a redução do teor de sal no pão ou das imposições a bebidas açucaradas, Rita Sá Machado afirmou, no entanto, existir um “largo espetro para conseguir fazer algo” nestas doenças.

“Não é normal e não pode ser normal nas nossas sociedades que mais de 50% das nossas crianças e adultos tenham excesso de peso ou obesidade. Não pode ser. Isto porque a obesidade para além de ser considerada doença, também é um fator de risco para outras doenças”, acrescentou.

Sobre esta matéria, também o presidente do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), Henrique Barros, que moderou o painel, destacou que Portugal é um dos países com menor percentagem de investimento na prevenção da obesidade.

Sob o lema “Ciência para Uma Só Saúde e bem-estar global”, o Encontro Ciência arrancou na quarta-feira e decorre até sexta-feira na Alfândega do Porto. No encontro são esperados cerca de 200 oradores.