Dispositivos médicos defeituosos causam milhares de vítimas 814

Há dispositivos médicos que ferem e, em alguns casos, matam milhares de pessoas, conclui uma investigação conduzida pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação. A investigação, divulgada este domingo por meios de comunicação social como o “The Guardian”, expõe as falhas dos reguladores de aparelhos médicos, que têm a função de proteger milhões de doentes.

Pacemakers, quadris artificiais, contracetivos e implantes mamários estão entre os dispositivos que, ao invés de curarem ou melhorarem o bem-estar dos pacientes, provocaram lesões a milhões de pessoas.

Os dados apresentados na investigação mostram que este problema está associado a mais de 83 mil mortes na última década. Só no Reino Unido, os reguladores receberam entre 2015 e 2018 mais de 60 mil casos ligados a implantes defeituosos. Um terço dos incidentes prejudicaram os doentes e mais de mil resultaram na morte do paciente.

De acordo com a investigação designada The Implant Files, por detrás destes números está uma indústria muito competitiva que entrou em conflito com as autoridades e que usa o poder de influência e o lobbying para pressionar os reguladores, acelerar autorizações e baixar os padrões de segurança mínimos dos dispositivos médicos.

Já nos Estados Unidos, mais de 500 mil pessoas tiveram de ser submetidos a uma nova cirurgia para retirar os implantes.

Dezenas de países de África, Ásia e América do Sul não têm um sistema de regulação próprio para dispositivos médicos e confiam nas autoridades europeias e norte-americanas.

No entanto, especialistas e advogados ouvidos pela investigação do Consórcio Internacional dos Jornalistas de Investigação revelam que a supervisão é duvidosa. Há milhares de documentos que revelam que os aparelhos são aprovados à pressa pelos reguladores dos Estados Unidos.

Já os dispositivos defeituosos não são retirados dos hospitais com a rapidez necessária, provocando em alguns casos a morte. A investigação adianta ainda que ao longo do processo, muitos médicos foram deixados completamente às cegas sobre o verdadeiro risco dos produtos que os fabricantes recomendam aos pacientes.

Contactado pela TSF, o INFARMED adianta que não foi contactado no decorrer da investigação do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação e que «não há motivos para alarme», sublinhando a entidade que está «serena», a aguardar o decorrer da investigação e que não tem registo de casos em Portugal.