Dívida às farmacêuticas cresce menos em 2014
19-Maio-2014
A dívida dos hospitais à Indústria Farmacêutica continua a aumentar, mas a um ritmo inferior: 30 a 40 milhões de euros por mês, contra os 80 milhões registados há dois anos.
A dívida do Estado às farmacêuticas está a aumentar, mas a um ritmo inferior ao que aconteceu nos últimos anos. Uma tendência que não alivia a pressão que tem sido feita sobre o setor, disse Miguel Santos Silva, da Pharma Planet, uma das entidades responsáveis pela organização do Re-Thinking Pharma. O evento, realizado nos dias 15 e 16 de maio Tróia, reuniu profissionais da indústria para «discutir novos modelos para modelos para os próximos dez anos».
Miguel Santos Silva reconhece que em 2013 houve «pagamentos pontuais, mas o aumento da dívida continua, embora a acumulação da dívida mensal esteja a ser mais baixa este ano». Dados recentes indicam que o aumento da dívida tem rondado os 30 a 40 milhões de euros por mês, enquanto em 2012 esse valor seria de 80 milhões.
O Re-Thinking Pharma 2014-2024 assume-se com um momento de networking, não descurando o debate das questões que preocupam o setor. «Ao falar das questões da crise e das alternativas para a indústria haverá sempre mensagens de alerta para o Governo de um setor que se encontra em dificuldades, que tem sido atacado permanentemente nas últimas duas décadas», diz Miguel Santos Silva.
Questionado sobre as medidas previstas no Documento de Estratégia Orçamental, que prevê uma nova contribuição da Indústria Farmacêutica na ordem dos 200 milhões de euros, o mesmo responsável diz que o setor não aguenta novos cortes: «Não há margem para mais cortes, para mais contribuições da Indústria. As contribuições são exigidas à Indústria porque é um setor que não faz greves, que não retira votos partidários, que a população ainda percepciona com um setor rico».
Miguel Santos Silva diz que irão continuar a existir medicamentos em Portugal, mas com o «ataque permanente» à Indústria, «o que provavelmente vai acontecer é passarmos aos modelos dos anos 50/60 em que as multinacionais eram representadas por laboratórios portugueses sem haver investimento estrangeiro em Portugal, sem haver investimento em ensaios clínicos, sem haver investimento fabril e o setor desaparece».