Na formação da identidade de uma marca há, naturalmente, muitos fatores que são fulcrais. Um deles é chamado de reflexo. O reflexo de uma marca define-se como “quem é que nós pensamos que usa aquela marca”. Repare que existe aqui uma subtil, mas muito importante, diferença. Ou seja, na formação da identidade de uma marca, muito mais importante do que quem usa na realidade a marca é quem nós – consumidores potenciais dessa marca – achamos que a consome. A explicação deste fenómeno reside no facto de o Homem ser um ser social, que, neste caso, é como quem diz, alguém que dá muita importância à influência dos grupos que o rodeiam e nos quais se integra ou deseja integrar. Assim, ao escolher uma marca, um consumidor sabe que passa a fazer parte de um grupo (os utilizadores da marca) partilhando com eles um conjunto de valores e comunicando aos outros essa comunhão. Dito de um modo mais claro; se o consumidor acha que quem consome determinada marca em que está interessado são, por exemplo, os avarentos, duas situações podem acontecer: ou ele se quer rever no grupo dos avarentos e por isso assume alegremente a marca como sua, ou ele não se pretende identificar de todo com aquele grupo e vai fugir rapidamente daquela conotação. Afinal, como já foi referido noutras crónicas, a marca é também uma forma de dizermos aos outros quem somos ou ambicionamos ser. É por isso que o “diz-me com quem andas dir-te-ei quem és” não é apenas um dos provérbios mais repetidos pelos portugueses ao longo de gerações; é também um dos provérbios que mais se adequa ao universo das marcas. João Barros, Professor Convidado na Escola Superior de Comunicação Social e Investigador no Centro de Estudos Clássicos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa |