A norte-americana Pfizer e a empresa francesa de biotecnologia Valvena chegaram à última fase de ensaios clínicos para a criação e distribuição de uma vacina eficaz contra a doença de Lyme.
Num comunicado conjunto, as empresas revelam que a entrada na Fase 3 dos ensaios clínicos pressupõe cerca de 6 mil pessoas em recrutamento, com cinco ou mais anos. “Com o aumento das taxas globais da doença de Lyme, fornecer uma nova opção para as pessoas se protegerem da doença é mais importante do que nunca”, explica a líder da pesquisa e desenvolvimento de vacinas da Pfizer, Annaliesa Anderson.
O objetivo, garante a responsável, é que “os dados gerados a partir da Fase 3 apoiem ainda mais as evidências positivas da VLA15 até ao momento”. Por outro lado, Juan Carlos Jaramilli, Diretor Médico da Valvena, afirma que “a doença de Lyme continua a espalhar-se, representando uma alta necessidade médica não atendida que afeta a vida de muitos no Hemisfério Norte”. O estudo da candidatura VLA15 levará a equipa “a um passo mais parto de potencialmente levar esta vacina a adultos e crianças que vão beneficiar dela”, continua.
O estudo está a ser realizado em cerca de 50 localidades onde a doença de Lyme é altamente endémica, como a Finlândia, a Alemanha, a Holanda, a Polónia, a Suécia e os Estados Unidos. Os participantes irão assim receber três doses de VLA15 em regime primário, seguida de uma dose de acompanhamento.
Vacina já existiu e foi retirada do mercado
A GSK havia já desenvolvido uma vacina contra a doença de Lyme, retirada do mercado em 2002 devido a alegações de alguns pacientes de que causaria efeitos colaterais como o aparecimento de artrite. A multinacional rejeitou os efeitos, mas acabaria por retirar a vacina devido ao fraco desempenho no mercado.
Assim, vinte anos depois, os dados referentes à Fase 2 da nova vacina “demonstraram forte imunogenicidade em adultos e crianças, com perfis de segurança e tolerabilidade aceitáveis em ambas as populações em estudo”, lê-se em comunicado. Caso a Fase 3 tenha sucesso, a Pfizer poderá submeter uma licença de aplicação biológica para a Agência Europeia do Medicamento (EMA) e a Agência Norte-americana do Medicamento (FDA) em 2025.
A doença de Lyme parte de uma infeção sistémica causada pela Borrelia burgdorferi, uma bactéria presente em carraças que atuam como transmissores. Se diagnosticada numa fase inicial, pode ser tratada com antibióticos. Não se verifica uma transmissão entre pessoas e é raramente fatal, mas se o paciente não receber o tratamento correto, a doença pode apresentar uma fase crónica no qual os sintomas dão origens a complicações.
Febre, dores articulares, paralisia facial parcial no caso de pacientes mais novos, dores de cabeça, náuseas e vómitos estão entre o sintomas conhecidos. Em casos mais avançados podem verificar-se problemas cardíacos e lesões cerebrais. “Estima-se que anualmente sejam afetadas cerca de 476 mil pessoas nos Estados Unidos e 130 mil pessoas na Europa”, explica a Pfizer, ao lembrar que “a necessidade médica de vacinação” contra esta doença “está a aumentar constantemente à medida que a pegada geográfica da doença aumenta”.