Esta segunda-feira, dia 11 de abril, assinala-se o Dia Mundial da Doença de Parkinson. “Com a pandemia o estado de saúde dos doentes de Parkinson agravou-se significativamente”, revelam ao portal netfarma.pt Joaquim Ferreira e Ana Castro Caldas, especialistas nesta área.
De acordo com o professor de Neurologia e Farmacologia Clínica da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, líder de grupo do Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes e diretor clínico do CNS – Campus Neurológico e a neurologista e coordenadora clínica do CNS – Campus Neurológico, entre os fatores que contribuíram para este agravamento estão “a diminuição do acesso às consultas de medicina geral e neurologia; a diminuição da atividade física e social devida ao confinamento, diminuição da suspensão das sessões de fisioterapia, terapia da fala e outros tratamentos; e também ao agravamento da ansiedade e sintomas depressivos associados a todo este período difícil”. Por outro lado, “o acesso às terapêuticas mais invasivas, nomeadamente a cirurgia de estimulação cerebral profunda e o tratamento com levodopa em gel intestinal também ficou afetado, com uma clara diminuição do número de doentes tratados e com um agravamento significativo das listas de espera para a realização destes tratamentos».
Até porque, segundo os especialistas, o principal fator de risco para a doença de Parkinson é a idade, além de que a maior parte dos doentes sofre de outras patologias. “A quase totalidade dos doentes toma vários medicamentos diferentes para o Parkinson” pelo que “estamos perante estratégias terapêuticas que obrigam à toma de múltiplos medicamentos sob horários rigorosos e os aspetos de monitorização e adesão à terapêutica assumem particular relevância”. Adicionalmente, “importa referir a importância da disponibilidade de dispensa rápida destes fármacos, dada a possibilidade de franco agravamento dos sintomas em casos de suspensão abrupta da medicação”.
Joaquim Ferreira e Ana Castro Caldas destacam que “os doentes com esquemas terapêuticos mais complexos podem beneficiar da dispensa de medicação preparada (ex. preparação mensal), pelo que esta deve ser disponibilizada aos doentes e familiares/cuidadores”, e “as farmácias e os seus profissionais podem desempenhar um papel importante na ajuda ao acompanhamento destes doentes, ressalvando que “dadas as características da doença e a complexidade da sua abordagem farmacológica, é também importante formar estes profissionais nas especificidades terapêuticas associadas a esta doença”.
Os especialistas acrescentam ao netfarma.pt, que “a possibilidade de medicamentos como levodopa em gel intestinal estarem também disponíveis nas farmácias comunitária constituiria um enorme benefício para os doentes, permitindo, desta forma, que mais doentes com indicação para este tratamento fossem efetivamente tratados”, assinalando que “infelizmente, o número de doentes em Portugal a realizar este tratamento é muito baixo, o que nos permite concluir que muitos dos doentes que poderiam beneficiar desta abordagem não estão a ser tratados”.