Doenças cerebrovasculares matam 30 pessoas por dia em Portugal 25 de Fevereiro de 2016 Mais de 30 pessoas morreram por dia devido a doenças cerebrovasculares em 2013, um número que ainda assim tem vindo a diminuir mas que continua a manter Portugal acima da média europeia na mortalidade por doença cerebrovascular. Segundo o relatório “Portugal – Doenças Cérebro-Cardiovasculares em Números 2015”, da Direção-geral da Saúde, hoje apresentado, os dados mais recentes da mortalidade por doenças cerebrovasculares, relativos a 2013, revelam que morreram 11.751 pessoas, 1.773 das quais por Acidente Vascular Cerebral (AVC) hemorrágico e 6.099 por AVC isquémico. Ainda assim, estes números traduzem uma diminuição de 1.269 mortes comparativamente a 2012, ano em que a mortalidade total por doenças cerebrovasculares se cifrou em 13.020 casos. O relatório indica que em 2013 a taxa de mortalidade padronizada por doenças cerebrovasculares era de 54,6 por 100 mil habitantes, enquanto em 2012 era de 61,4 por 100 mil habitantes, avançou a “Lusa”. Em 2014, só o acidente vascular cerebral isquémico representou cerca de 20 mil episódios (quase 55 por dia) e 250 mil dias de internamento. Apesar do «decréscimo progressivo e notório das doenças do aparelho circulatório [cérebro-cardiovasculares] como causas de morte na população portuguesa», estas continuam a manter posição de destaque. «Pela primeira vez em Portugal, o peso relativo das doenças do aparelho circulatório situou-se abaixo dos 30%», mas estas continuam a manter-se «no topo das causas de morte». O relatório salienta que «dentro das doenças do aparelho circulatório, a taxa de mortalidade por doenças cerebrovasculares é continuadamente superior à das doenças isquémicas do coração». «Esta proporção é inversa da verificada na maioria dos países europeus e mesmo mediterrânicos, por razões não completamente esclarecidas», acrescenta. Comparando com outros países europeus, a mortalidade por doença isquémica cardíaca situa-se abaixo da média europeia, enquanto a mortalidade por doença cerebrovascular ocupa posição inversa, o que leva os autores do estudo a defender e recomendar «um novo impulso no tratamento do AVC». Os mesmos responsáveis recomendam que a redução da mortalidade prematura, traduzida em ganhos nos «anos potenciais de vida perdidos», passe a constituir um dos objetivos estratégicos deste programa nacional. Segundo o relatório, as doenças isquémicas do coração foram responsáveis por 12.708 anos potenciais de vida perdidos e as doenças cerebrovasculares por 12.454. «Assume neste contexto particular relevância o funcionamento adequado das unidades de AVC e das Unidades de Intervenção percutânea no enfarte agudo do miocárdio», cuja monitorização deverá incorporar parâmetros de avaliação qualitativa, e não apenas quantitativa. Pretende-se também promover o tratamento da hipertensão arterial e reforçar a articulação com outros programas dedicados à adoção de estilos de vida saudáveis e de combate a fatores de risco. O relatório indica que os elementos relativos aos consumos farmacológicos e de dispositivos médicos são fundamentais para fazer análises comparativas e o acompanhamento subsequente. Em 2014 venderam-se através do Serviço Nacional de Saúde (SNS) 45.213.966 embalagens de medicamentos dos grupos farmacoterapêuticos do aparelho cardiovascular e sangue: 27.818.197 embalagens de anti-hipertensores, 10.623.835 de antidislipidémicos e 6.771.934 de anticoagulantes e antitrombóticos. Em valor, estes medicamentos foram responsáveis por uma despesa de 563.475.526 euros. No mesmo ano, realizaram-se 43 transplantes cardíacos em Portugal, menos 14 do que em 2013. |