Doente com paralisia de Bell tratada com células estaminais do cordão umbilical 139

32 meses após o início do tratamento, a paralisia foi curada, sem qualquer efeito secundário.

A assimetria facial de uma doente com paralisia de Bell foi corrigida, sem qualquer anomalia ou efeito secundário. Trata-se de um caso de sucesso de recuperação deste tipo de paralisia, utilizando células estaminais mesenquimais do tecido do cordão umbilical e foi reportado pela revista científica World Journal of Clinical Cases.

Durante sete anos, a doente recorreu a tratamentos que são utilizados atualmente para aliviar os sintomas iniciais da doença, como esteroides ou massagens que podem auxiliar na recuperação, mas sem sucesso. A paralisia persistia, acompanhada de tremores musculares e uma assimetria facial que lhe desfigurava o rosto e impedia que o olho esquerdo se fechasse completamente.

Aos 49 anos de idade, quando iniciou o tratamento experimental com células estaminais mesenquimais do tecido do cordão umbilical, começou a recuperar gradualmente. O tratamento consistiu na injeção destas células uniformemente distribuídas no lado afetado da face da doente. O procedimento foi realizado oito vezes, de dois em dois meses, ao longo de 14 meses.

Nos três meses após o primeiro tratamento, a doente experienciou rápidas melhorias, como, por exemplo, na capacidade de fechar o olho, conseguindo fechá-lo na totalidade após 22 meses do início do tratamento experimental. A sobrancelha do lado afetado e os lábios também voltaram à posição original, tendo-se ainda registado melhorias na fala. Ao fim de 32 meses de acompanhamento, a paralisia foi curada sem recaídas.

“Trata-se de um caso clínico de sucesso, que demonstra o potencial das células estaminais do tecido do cordão umbilical numa doença que pode causar várias incapacidades e prejudicar a autoestima dos doentes, podendo ser muito útil em casos de recuperação insuficiente face aos tratamentos atualmente disponíveis”, afirma Ana Moreira, do Departamento de I&D da Crioestaminal.

A paralisia de Bell consiste numa paralisia facial em que os músculos faciais do lado afetado ficam súbita ou gradualmente paralisados, provocando assimetrias no rosto, podendo, em casos mais severos, verificar-se insuficiência oral temporária, que afeta funções essenciais como a fala, ou lesões oculares permanentes devido à incapacidade de fechar a pálpebra do lado afetado.

Dada a importância da expressão facial para a sensação de bem-estar, esta condição pode comprometer também a qualidade de vida e causar uma profunda angústia social, que pode levar, em alguns casos, a depressão.

Embora, aproximadamente, 75% dos doentes consiga recuperar espontaneamente da doença, em 25% dos casos a paralisia persiste, com assimetria facial moderada a severa.

A causa desta doença é ainda desconhecida, mas alguns investigadores acreditam que pode ser resultado de um dano no sistema nervoso facial decorrente da resposta imunitária ao vírus do herpes, inflamação, isquemia ou fatores hereditários.

Foi já demonstrado que as células estaminais mesenquimais do cordão umbilical desempenham um papel importante na supressão da função do vírus do herpes e na eliminação da inflamação. Para além disso, segregam proteínas com atividade biológica que protegem e regeneram células neuronais, apresentando ainda potencial de diferenciação, propiciando, deste modo, a regeneração do local da lesão.

“Os investigadores envolvidos neste estudo consideraram que, por estas razões, as células estaminais mesenquimais do cordão umbilical teriam potencial para tratar doentes com paralisia de Bell que não recuperam espontaneamente”, sublinha Ana Moreira.

Perante os resultados obtidos, os investigadores sugerem a realização de um estudo clínico com um maior número de doentes que permita fornecer mais evidências sobre a eficácia das células estaminais mesenquimais do tecido do cordão umbilical no tratamento de doentes com esta paralisia facial persistente.