Dois investigadores de Coimbra distinguidos pela Fundação Gulbenkian 510

Dois investigadores de Coimbra distinguidos pela Fundação Gulbenkian

26 de Janeiro de 2016

Os investigadores da Universidade de Coimbra (UC) João Calmeiro e João Vareda foram distinguidos pela Fundação Calouste Gulbenkian, com bolsas de estímulo à investigação, no valor de 12.500 euros cada um, anunciou hoje a UC.

João Calmeiro, do Centro de Neurociências e Biologia Celular, foi distinguido pelo trabalho que está a desenvolver sobre uma importante proteína – canalrodopsina-2 – que poderá ser «utilizada como ferramenta contra a cegueira causada por degeneração da retina, uma patologia que afeta mundialmente mais de 15 milhões de pessoas», afirma a UC.

Algumas doenças provocam a cegueira através da «perda específica dos neurónios da retina que são sensíveis à luz», mas outros neurónios, que «normalmente não respondem à luz, sobrevivem e podem recuperar a função da visão através de técnicas de optogenética».

O estudo «procura conferir capacidade de resposta à luz aos neurónios da retina que não têm essa capacidade naturalmente», explica João Peça, orientador da investigação, citado pela UC.

Pretende-se «alterar as propriedades de absorção de luz da proteína canalrodopsina-2, que naturalmente responde apenas à luz de cor azul, e criar novas variantes que absorvem e respondem à luz de outras cores», sintetiza João Calmeiro, citado pela “Lusa”.

A investigação de João Vareda, em curso no Centro de Investigação dos Processos Químicos e Produtos da Floresta, foca-se no desenvolvimento de «um aerogel à base de sílica para remediação de solos contaminados com metais pesados».

Partindo das propriedades que potenciam a utilização dos aerogéis à base de sílica, materiais nanoestruturados, como adsorventes e sua modificação, a investigação visa «gerar um novo aerogel que seja capaz de remover dos solos um conjunto de seis metais pesados em simultâneo» (cádmio, chumbo, zinco, níquel, cobre e crómio).

Estes metais pesados, que são os que «mais poluem os solos ibéricos», têm «origem na poluição atmosférica e na atividade humana e podem ser arrastados pela água das chuvas, sendo este problema ambiental mais relevante quando se trata de solos agrícolas», sublinha João Vareda, cujo estudo é orientado por Luísa Durães.

O investigador acredita que poderá ter «um aerogel capaz de remover metais pesados dos solos ibéricos» dentro de um ano.

O Programa Estímulo à Investigação da Fundação Gulbenkian distingue anualmente propostas de investigação em matemática, física, química e ciências da terra e do espaço, apoiando a sua execução em centros de investigação portugueses.

O prémio destina-se a investigadores com idade inferior a 26 anos, contemplando o investigador e a instituição onde o projeto é realizado.