No âmbito do Dia Internacional da Mulher, que se assinala no próximo dia 8 de março, a Associação Portuguesa para o Estudo da Dor (APED) pretende sensibilizar para a prevalência da dor crónica nas mulheres e a influência que tem na sua qualidade de vida, resultando no absentismo de, em média, 14 dias por ano pelas mulheres em Portugal(1).
A Dra. Ana Pedro, Presidente da Associação Portuguesa para o Estudo da Dor (APED), afirma que “a dor crónica tem um impacto negativo na mulher que vai muito além da dor física, já que provoca sequelas psicológicas, isolamento, incapacidade, absentismo e perda de qualidade de vida. É fundamental compreender que existe uma necessidade urgente no acesso ao tratamento e gestão da dor crónica por parte das mulheres para que estas possam melhorar a sua saúde e qualidade de vida”.
As mulheres tendem a ter dores mais recorrentes, intensas e douradoras do que os homens, sobretudo devido ao facto de estarem associadas a condições ou doenças que são também mais frequentes nas mulheres. Entre os tipos de dor que afetam mais as mulheres e que têm um impacto significativo na sua qualidade de vida, destacam-se a fibromialgia, em que 80 a 90% dos casos diagnosticados são mulheres, a lombalgia, a artrite reumatoide, a osteoartrose, a disfunção da articulação temporomandibular, a dor ginecológica, a dor pélvica crónica e as cefaleias que são também muito prevalentes na população feminina.
A dor crónica na mulher tem um impacto global significativo, mas persiste a falta de consciência e reconhecimento. Fatores psicossociais e biológicos, em conjunto com as barreiras económicas e políticas ainda existentes, influenciam a forma como a dor é percecionada e deixam milhões de mulheres a viver sem o tratamento adequado(2). Desta forma, é extremamente importante sensibilizar para o controlo da gestão da dor crónica nas mulheres para garantir acompanhamento e tratamento adequados e, consequentemente, a melhoria da qualidade de vida.
Referências
1. Itz CJ, Geurts JW, van Kleef M, Nelemans P. Clinical course of non-specific low back pain: a systematic review of prospective cohort studies set in primary care. Eur J Pain. 2013;17(1):5-15.
2. “Gender Considerations in the Epidemiology of Chronic Pain” – Chapter 5, Epidemiology of Pain (1999)