Duarte Santos: Devolver a ANF às Farmácias e as Farmácias ao País 2609

É sob o mote “Unidos pelas Farmácias. ANF com Futuro” que a Lista A se apresenta ao sufrágio para os Órgãos Socias da ANF a realizar no próximo dia 24 de fevereiro. Mas, impõe-se desde já esclarecer que esta é muito mais do que uma assinatura de campanha, é um compromisso que assumimos com profundo espírito de missão.

A Lista A reúne um conjunto de colegas que espelha bem a heterogeneidade da profissão e do setor, uma heterogeneidade que é, ao mesmo tempo, a sua força.

A sua diversidade – de idades, de experiências, de geografias e de realidades socioprofissionais e económicas – é a matéria-prima da coesão que queremos fomentar na ANF.

O que nos move é verdadeiramente o propósito de unir as Farmácias. E de, unindo-as, as reaproximar da ANF, devolvendo à associação a razão de ser da sua criação, há 50 anos.

Queremos resgatar o diálogo com os associados, envolvendo-os nas decisões sobre o futuro da associação e do setor. Propomo-nos restabelecer o diálogo entre os Órgãos Sociais, porque acreditamos que é do diálogo que nasce a força. Os Órgãos Sociais não podem viver de costas voltadas, num ambiente de confronto e guerrilha interna que apenas gera sementes de desconfiança. Na ANF, todos contam. A divergência de opiniões é salutar e até necessária, num debate que se quer profundo e abrangente e que promoverá inevitavelmente a união.

Unidos pelas Farmácias, queremos devolver a voz aos associados: ouvi-los sobre a situação da ANF, ouvi-los sobre os serviços associativos, sobre os serviços que prestam à comunidade, ouvi-los sobre os problemas da sua região, sobre os problemas da sua Farmácia. Numa postura de escuta ativa, ouvindo as suas sugestões, as oportunidades de melhoria que identificam e os caminhos que propõem.

Devolveremos a voz aos associados. Assim, estaremos a devolver a voz à ANF. Porque estamos convictos de que, unidas, as Farmácias contribuirão para uma ANF mais forte, recuperando a visão transformadora que esteve na sua origem, garantindo um capital de credibilidade que é urgente restaurar.

Uma ANF com Futuro. É com as Farmácias que queremos consolidar esse futuro. E, por isso, assumimos o compromisso de reorganizar a associação, tornando o seu funcionamento mais simples e mais eficiente, libertando-a para que possa cumprir aquela que é a sua missão: responder às reais necessidades das Farmácias.

O compromisso da Lista A é com as Farmácias. Só promovendo um clima associativo favorável, enfrentando em conjunto os desafios atuais e futuros, participando ativamente na discussão de soluções, poderemos alcançar os nossos objetivos; promoveremos um maior envolvimento na vida associativa de todos os Órgãos Sociais, de todas as estruturas e de todos os Associados. Porque todos são essenciais na vida associativa.

É urgente, pois, que a ANF se recentre na defesa da Farmácia, em todos os seus domínios: regulamentar, político-institucional, económico e profissional.

É urgente a defesa da economia da Farmácia. Não é aceitável que ainda existam tantas Farmácias em situação de insolvência ou penhora. Não é aceitável que os custos operacionais das Farmácias continuem a aumentar, sem que haja crescimentos compatíveis do lado da receita.

No âmbito económico financeiro da ANF e das suas empresas, faremos da redução da dívida à banca uma das nossas prioridades de topo, identificando num curto espaço de tempo modelos alternativos de financiamento, que os Associados devem escolher de forma bem informada, mas com o compromisso de não alienar os ativos estratégicos da associação.

A alienação de ativos estratégicos e rentáveis das Farmácias não deve ser o caminho para a redução do passivo. Connosco não será alienada qualquer participação na CUF, um ativo estratégico e altamente rentável no contexto das Empresas que pertencem às Farmácias.

Faremos da ANF uma organização mais ágil e eficiente que responda às necessidades das Farmácias. Levaremos a cabo uma reorganização da Associação que retorne mais valor às Farmácias sempre visando a sua melhoria contínua. Mas esta evolução na estrutura da Associação será feita com as pessoas e não contra elas. A experiência e compromisso dos colaboradores são essenciais para o contínuo desenvolvimento da ANF.

Pugnaremos, igualmente, pela redução do esforço financeiro das farmácias, colocando na agenda a redução programada, sensata e equilibrada da quotização variável paga pelas farmácias à ANF, sem colocar em causa os compromissos assumidos pela organização. Atendendo às exigências crescentes que as Farmácias enfrentam para cumprirem as suas obrigações com um nível de rentabilidade que assegure a sustentabilidade, o esforço financeiro que lhes é requerido pela ANF deve ser apenas o necessário para uma associação forte e coesa que defenda os legítimos interesses da profissão e do setor.

Mais do que nunca, impõe-se a defesa da economia da Farmácia.

O modelo económico da Farmácia está sustentado da dispensa de medicamentos e de produtos de saúde. É neste domínio que a ANF tem de apresentar e defender medidas concretas que promovam a melhoria da situação económica das Farmácias.

E, por isso, faremos ouvir a nossa voz na reivindicação de uma revisão dos regimes de preços e margens.

Num momento em que assistimos a um aumento brutal dos custos operacionais das Farmácias, a revisão das margens é uma peça-chave para a sustentabilidade das farmácias, decisiva para a manutenção de um serviço com a qualidade a que o País se habituou.

Entre as nossas prioridades está também a negociação de um novo modelo de incentivo à dispensa de genéricos, que valorize o contributo das Farmácias para crescimento deste mercado, com grande poupança para as pessoas e para o Estado. Os números falam por si: a dispensa de medicamentos genéricos nas Farmácias permite poupanças anuais superiores a 500 milhões de euros, em benefício do Estado, mas, sobretudo, em benefício dos cidadãos. Defendemos que os Serviços de Saúde desenvolvidos pelas Farmácias são importantes na diferenciação profissional e no alargamento de atividade do nosso sector a outras áreas de atuação.

A ANF deve ser o impulsionador essencial, capaz de defender a adoção de modelo regulamentar adequado à prestação de serviços pelas Farmácias e promover a sua dinamização como fonte de rendimento relevante para os Associados.

A ANF deve também apoiar as Farmácias que, por sua iniciativa, pretendam desenvolver serviços de saúde enquadrados na política global definida pela Associação.

Promoveremos o desenvolvimento e a contratualização de iniciativas de promoção da saúde e prevenção da doença, deteção precoce, acompanhamento de doentes crónicos e adesão à terapêutica.

Defenderemos o alargamento da intervenção das Farmácias na prestação de serviços com o envolvimento dos farmacêuticos e de outros profissionais de saúde, como enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas, psicólogos e podologistas, entre outros.

A nossa equipa tem provas dadas na contratualização da prestação de serviços, como, por exemplo, na contratualização e implementação da Testagem COVID-19, e assumiremos a agenda de prestação de serviços nas Farmácias como um compromisso permanente.

Connosco a ANF será capaz de contratualizar com sucesso serviços de saúde. Na negociação será um agente ativo e não passivo.

Defendemos a contratualização de serviços com o SNS e com outras entidades relevantes, que incluem os Governos Regionais, os Municípios, as Seguradoras, ADSE, companhias da Indústria Farmacêutica, ou ainda, empresas que se preocupam com a saúde dos seus colaboradores.

Mas, se as condições forem penalizadoras para as Farmácias saberemos dizer “não” ou “sim, se…”.

A remuneração de 2,5 euros na vacinação contra a gripe e a COVID-19, a repartir com a Distribuição grossista, negociada sigilosamente pela Direção cessante com o Ministério da Saúde, transformou a vacinação num centro de custos e não numa fonte de receita para as Farmácias.

Na contratualização destes serviços, a sustentabilidade económico-financeira das farmácias não foi acautelada. A ANF foi um agente passivo nessa negociação. E este é um cenário que queremos reverter, pugnando pela renegociação das condições, de modo a alinhar os interesses do Estado e das pessoas com a viabilidade da prestação pelas Farmácias. Mas isso só será viável com a definição de um modelo económico que garanta uma margem de contribuição positiva para as Farmácias e que seja o precursor do alargamento do seu âmbito de intervenção.

As nossas propostas são concretas.  Estamos determinados na proteção da defesa da economia da Farmácia, na simplificação do seu dia-a-dia, mas que – estamos convictos – servem o interesse público. A ANF e as Farmácias suas associadas são parceiros naturais do Serviço Nacional de Saúde. E são-no ainda mais no momento em que o SNS vive grandes dificuldades. Já o foram no passado, merecendo a confiança e o reconhecimento do País. Mas este é um momento de grande oportunidade para o sector. Temos de procurar agarrar boas oportunidades

A carência de recursos humanos é uma das principais dificuldades atuais das Farmácias, exigindo de todos o maior empenhamento na resolução desse problema.

Defendemos a implementação de medidas para adequar as equipas das Farmácias às suas necessidades, em linha com a capacidade económica do sector.

Em articulação com a Ordem dos Farmacêuticos e as Faculdades de Farmácia, há que estimular a atratividade das Farmácias Portuguesas junto de farmacêuticos provenientes de outras geografias com reconhecimento mútuo curricular (países da união europeia), ou em que tal reconhecimento possa ser agilizado para melhor encontro entre a oferta e a procura (ex. países PALOP).

A ANF deve ter como prioridade o desenvolvimento acelerado de programas de qualidade, acessíveis, que permitam a qualificação de Técnicos Auxiliares de Farmácia, com o objetivo de suprir as enormes carências de recursos humanos que se verificam atualmente.

Numa lógica de retenção de talento e de diferenciação profissional, a ANF deve desenvolver oferta curricular em áreas científicas que reforcem a intervenção da Farmácia na comunidade onde se insere, em particular as áreas de renovação da terapêutica, afeções ligeiras de saúde, ostomia e oncologia. Especializar as equipas das farmácias em área especificas de intervenção e/ou patologia crónica, como por exemplo a diabetes, patologia cardiovascular, patologia respiratória ou na saúde mental.

É urgente a ANF rever o modelo de retenção de talento, ouvindo os associados e alinhado as expectativas remuneratórias e de evolução de carreira dos profissionais, com o modelo económico e a sustentabilidade das Farmácias.

Temos ideias concretas e estamos preparados para ajudar as Farmácias a solucionar muitas das suas dificuldades do seu dia-a-dia, como é o caso dos medicamentos esgotados, a eficiência operacional e a evolução na adoção de novas ferramentas tecnológicas. É este o futuro que ambicionamos para a ANF. Um futuro em que devolvemos a Associação aos associados e, deste modo, devolvemos as Farmácias ao lugar que sempre ocuparam na prestação de cuidados de saúde em Portugal.