Duplica número de pessoas a antirretrovirais, mas as jovens têm alta taxa de infeção de VIH 22 de Novembro de 2016 O número de pessoas infetadas pelo VIH que estão a tomar medicamentos antirretrovirais duplicou em apenas cinco anos, mas há uma grande taxa de infeção entre mulheres jovens, sobretudo as africanas, segundo um relatório da ONU divulgado ontem. «Em junho de 2016, cerca de 18,2 milhões de pessoas tiveram acesso aos medicamentos que salvam vidas, incluindo 910 mil crianças, o dobro do número em relação há cinco anos», indicou o documento do Programa Conjunto das Nações Unidas para o VIH/sida (ONUSIDA) intitulado “Get on the Fast-Track: the life-cycle approach to HIV”. Neste relatório, lançado em Windhoek, na Namíbia, refere-se que está em curso uma meta de 30 milhões de pessoas em tratamento com antirretrovirais (ARV) até 2020. Entretanto, o relatório mostra também os enormes riscos que as mulheres jovens estão a enfrentar. No ano passado, mais de 7.500 adolescentes e mulheres jovens foram infetadas com VIH por semana em todo o mundo, a maior parte delas em África, nomeadamente no sul do continente. «As mulheres jovens enfrentam uma ameaça tripla», disse o diretor executivo da ONUSIDA, Michel Sidibé, durante o lançamento do relatório na capital namibiana, citou a “Lusa”. «Elas sofrem com um alto risco de infeção pelo VIH, têm baixas taxas de testes de HIV e têm pouca adesão ao tratamento. O mundo está a falhar com as jovens e temos urgentemente necessidade de fazer mais», sublinhou. Sidibé saudou o progresso feito com o tratamento do VIH, mas alertou que qualquer avanço é «incrivelmente frágil». A alta taxa de infeção entre as jovens e as adolescentes é muitas vezes motivada por relacionamentos com homens mais velhos. O relatório apontou que os dados recolhidos na África do Sul mostraram que mulheres e adolescentes estavam a ser infetadas com o VIH por homens adultos. Muitos homens contraem o VIH muito mais tarde na vida e, depois, continuam com o ciclo de infeção. O relatório apontou um estudo na província de KwaZulu-Natal, na África do Sul, que revelou que apenas 26% dos homens sabiam o seu estado de portador do VIH e apenas cinco por cento estava em tratamento. Globalmente, entre 2010 e 2015, o número de novas infeções por VIH nas mulheres jovens, entre 15 e 24 anos, reduziu em apenas seis por cento, passando de 420.000 para 390.000. Para atingir o objetivo de menos de 100.000 novas infeções por VIH entre adolescentes e mulheres jovens até 2020, exigirá uma redução de 74% entre 2016 e 2020. O relatório também alertou para o risco de resistência aos medicamentos e a necessidade de reduzir os custos dos tratamentos de segunda e terceira linha. Também destacou a necessidade de mais sinergias com os programas de combate à tuberculose (TB), ao papilomavírus humano (HPV) e o cancro de colo do útero, e aos programas de hepatite C, a fim de reduzir as principais causas de doença e morte entre pessoas a viver com VIH. Em 2015, das 1,1 milhões de pessoas com VIH que morreram, 440.000 tinham tuberculose, incluindo 40.000 crianças. |