E se já souber o fim da história? 1756

Tal como já foi referido noutra crónica, a arte de narrar histórias está cada vez mais presente no discurso dos responsáveis de diferentes marcas. E muito bem, dado que, apesar de agora sentirmos a necessidade de a tratar pelo pomposo nome de storytelling, as histórias são parte da nossa comunicação enquanto seres humanos, logo têm, naturalmente, de ocupar um espaço importante no discurso de entidades que desejam ser parte integrante da nossa vida, como são as marcas.

No entanto, verifica-se muitas vezes que as marcas tendem a focar as suas histórias quase sempre no Quê (a promessa que a marca faz) e no Quem (o público a que se dirige). Sendo elementos fulcrais duma história, convém lembrar que não são os únicos.

É, aliás, por isso que os jornalistas aprendem a contar as suas histórias respondendo a diferentes perguntas: O Quê?, Quem?, Quando?, Onde?, Como? e Porquê? É que todas elas são, ou podem ser, importantes para uma história.

Há marcas que vêem a sua pertinência crescer apenas porque mudou o Quando; é Inverno, por exemplo. Outras tornar-se-ão mais fortes e únicas porque perceberam a importância do Como, alterando a sua forma de toma. E isto são apenas exemplos em que nem precisamos de abandonar o universo farmacêutico.

Na “Crónica de uma Morte Anunciada”, o destino do protagonista é revelado logo na primeira linha do romance. Mas não é por isso que deixa de ser uma grande história.

João Barros,

Professor Convidado na Escola Superior de Comunicação Social e Investigador no Centro de Estudos Clássicos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa